sábado, 27 de julho de 2013

Dor de dente? Cera Dr. Lustosa ou Os 90 anos de um dentista popular

Por Francisco José dos Santos Braga



I.  INTRODUÇÃO


Com idêntico título que utlizei para este post, um artigo da autoria de Gutemberg da Mota e Silva ¹ sobre a Cera Dr. Lustosa, invento do famoso odontólogo Dr. Paulo de Almeida Lustosa, foi publicado na página 4 do Jornal do Brasil, na edição de 24 de outubro de 1977. Na ocasião contava com 90 anos bem vividos o inventor e fabricante da Cera, cuja existência tinha sido profícua e benemérita em benefício especialmente dos brasileiros pobres e desvalidos. Já acamado na época da publicação do artigo sobre seu memorável invento, veio a falecer em 1986 aos 99 anos de idade.

Tenho o prazer de brindar os leitores do Blog do Braga com esse célebre artigo de 1977 sobre a Cera Dr. Lustosa, que é reproduzido aqui nesse espaço, respeitando a sua ortografia. Os comentários são de minha autoria.



II.  Dor de dente? Cera Dr. Lustosa.
Os 90 anos de um dentista popular

Por Gutemberg da Mota e Silva ²


Desde hontem que não dorme
D. Zulmira, coitada
E numa tristeza enorme
tem a cara toda inchada
Vou dar-lhe um remédio ao dente
Que a põe boa incontinenti
Da mais completa eficácia
De eficácia luminosa
Vou comprar-lhe na Pharmacia
A Cera Dr. Lustosa


SÃO JOÃO DEL-REI, MG — Estes versos, escritos ao lado do desenho de um rosto inflamado de mulher, são um dos inumeráveis reclames que, ao longo de mais de meio século, tornaram conhecida em todo o país a Cera Dr. Lustosa, medicamento popular para dor de dentes inventado pelo dentista sanjoanense Paulo de Almeida Lustosa, que no último 12, acamado, festejou 90 anos de idade.  

Aprovada pela Saúde Pública no dia 21 de janeiro de 1922, a Cera Dr. Lustosa completou 50 anos em 1972, quando seu criador recebeu, entre outras homenagens, uma carta de reconhecimento do então Ministro da Saúde, Francisco Rocha Lagoa.

Na carta, o Ministro o cumprimenta "em nome dos milhões de brasileiros que, um dia, encontraram alívio no medicamento de sua fórmula e fabricação." E observa que "dos remédios populares, não se sabe de outro que haja alcançado tanta receptividade, vendi que foi até no Japão."

Acrescenta ainda que "inúmeros produtos, com igual indicação haveriam de ser postos no mercado. Alguns deles tiveram pequena duração. Outros se mostraram mais resistentes. Não houve um só, entretanto, que, durante 50 anos, se mantivesse na preferência das classes pobres tal como a Cera Dr. Lustosa. Grandes, portanto, foram os serviços que o senhor prestou à nossa gente, pelo que há de merecer a admiração e o respeito de todos nós."

O que levou o Dr. Paulo Lustosa a pensar num medicamento barato a que tivesse acesso as pessoas pobres foram as observações que fez em São João del-Rei e arredores no exercício de sua profissão de dentista.

Em suas andanças a cavalo por vilas e povoados, ele ia pensando num remédio mágico que aliviasse a dor de dente das pessoas pobres até que elas resolvessem procurar um dentista para o tratamento. Depois de muita pesquisa, chegou a um medicamento pastoso à base de lidocaína, cera virgem de abelha, óleo de cravo e outras substâncias.

Dessa mistura é feita a Cera Dr. Lustosa, que, como apregoava um dos seus antigos e pitorescos anúncios, tem as seguintes qualidades: não queima a boca; é muito fácil de aplicar; não é líquida e não dissolve na saliva; é muito tolerada pelas crianças e passa a dor em cinco minutos. Seus anúncios não tocam no assunto, a não ser como sugestão, mas os fabricantes revelam que ela também serve para eliminar calos. Se a dor de dente for oriunda de uma infecção, a cera não faz efeito: só serve para os casos de cárie.

Até hoje a cera conserva um dos principais fatores que a tornaram conhecida em todo o país, além da eficiência: o preço baixo. Cada tubinho da cera, de menos de cinco centímetros, custa Cr$ 2,00, ou seja, menos da metade do preço dos seus concorrentes. ³

Com representantes em todos os Estados, o laboratório do Dr. Lustosa vende anualmente uma média de 2 milhões de unidades da cera, apesar de ter um processo ainda bastante artesanal de fabricação: a pouca maquinaria existente foi concebida pelo próprio Dr. Lustosa.

A cera já foi vendida no Uruguai, mas o Dr. Lustosa vem recusando sistematicamente muitas propostas para exportá-la principalmente por causa de problemas alfandegários. Também não aceita as frequentes propostas para a compra da fórmula ou para modernizar o equipamento rudimentar com que é fabricada.

Seu negócio continua sendo feito em bases familiares, embora 15 pessoas, além de quatro filhos, trabalhem no laboratório, que ocupa quase todo o andar de baixo da imensa casa do Largo do Rosário. A presença do laboratório, que inunda todo o ambiente, com o inconfundível cheiro da cera, em nada prejudica a vida da família Lustosa, que mora no andar superior da casa, dotada de 34 cômodos.

O laboratório é dirigido do Rio de Janeiro por um filho do Dr. Lustosa, o Sr. Paulo Rodrigues Lustosa , sucessor da Casa Hermanny, primeiro distribuidor da cera e que ganhava um desconto — como ainda hoje ganham os distribuidores espelhados pelo país — para fazer a sua propaganda. Era ela feita principalmente em cartazes e folhetos distribuídos às pharmacias do país.


Os reclames do Dr. Lustosa marcaram época e serviram de escola aos comunicadores de hoje


Os reclames eram veiculados às vezes pelos jornais e almanaques, mas o Padre Francisco Lustosa, um dos filhos que auxiliam o Dr. Lustosa no laboratório, esclarece que o forte da propaganda sempre foram os cartazes nas farmácias.

Esses anúncios revelam, a despeito da primariedade dos desenhos — ou talvez por causa disso — uma grande criatividade, que certamente ajudou a cera a conquistar o mercado do país. Atualmente, ela é consumida em maior escala na capital de São Paulo.

Um dos reclames mostra um menino apontando um revólver para uma assustada empregada e ordenando que ela vá imediatamente à farmácia comprar a Cera Dr. Lustosa sob pena de "arrebentar-lhe os miolos".

Outro, sob o título "Dois Absurdos", assegura que a metade de 12 é sete e a de 11 é seis. Para demonstrá-lo, o autor corta ao meio, horizontalmente, os algarismo romanos XII e XI e obtém, com a eliminação da metade inferior, um VII e um VI. Rematando, observa que o outro absurdo é acreditar-se que há outros remédios para dor de dentes equivalentes à Cera Dr. Lustosa.

O padre Francisco acredita que este anúncio seja de autoria do seu tio Antônio Lustosa, que foi Arcebispo de Fortaleza e gostava muito de desenhar. Mas outros anúncios que constam do incompleto álbum das propagandas da cera são, comprovadamente, de Dom Antônio, já falecido.

Depois que patenteou o invento, o Dr. Lustosa foi abandonando aos poucos a clientela para se dedicar à sua fabricação, até que, em 1930, fechou definitivamente o consultório do andar térreo de sua casa.

No dia 1º de agosto passado, sofreu um ataque cardíaco, seguido por uma infecção, e foi aconselhado pelos médicos a afastar-se das atividades. O afastamento, porém, em nada prejudicou o laboratório, pois suas filhas Evangelina e Maria Carmem, auxiliadas pelo Padre Francisco e outra irmã, a professora Hilda, há muito trabalham na fabricação da cera, sob o comando de Paulo Rodrigues Lustosa, que todo mês vem a São João del-Rei.

Seis dos 10 filhos do Dr. Lustosa seguiram a carreira religiosa: o Padre Francisco é vigário de uma paróquia nas proximidades de São João del-Rei, um seu irmão, o Cônego Osvaldo, já morreu, e quatro mulheres são freiras.

Frequentemente, o Padre Francisco celebra missa na capela situada no segundo pavimento do casarão dos Lustosa. A capela, que tem o Santíssimo no sacrário, entronizado com autorização do Vaticano, atesta o espírito de religiosidade da família, já comprovada por tantas vocações entre os irmãos.

A casa, que tem 50 metros de fachada e já integra o patrimônio histórico de São João del-Rei, foi comprada em 1812 por Sabino de Almeida Lustosa, avô do Dr. Lustosa. O pai deste, João Batista, ampliou-a, construindo o que é hoje a sua parte do meio, e o Dr. Lustosa completou-a, fazendo a parte de trás.

Sabino Lustosa plantou no seu quintal oito palmeiras imperiais com mudas da palmeira mater que D. João VI trouxe para o país em 1809. Cinco delas adoeceram de modo irreversível e foram cortadas no ano passado. Bombeiros vindos de Belo Horizonte gastaram mais de um mês na tarefa de cortar as palmeiras, que tinham de 30 a 45 metros de altura.

Como as três palmeiras sobreviventes do quintal, que também fazem parte do patrimônio da cidade, tudo é antigo no casarão do Largo do Rosário: a cera, os livros, quadros, os objetos e a empregada Trindade, uma negra que há 55 anos serve aos Lustosa.



III. NOTAS DO AUTOR


¹  Gutemberg da Mota e Silva, natural da cidade de Marcelino Vieira, no Rio Grande do Norte, é formado em Direito pela UFMG, em 1967, tendo obtido, na mesma escola em 1986, o grau de Mestre em Direito Administrativo, com a dissertação Regiões Metropolitanas: Institucionalização.

Exerceu o cargo de primeiro juiz cível de Direito Cooperador Cível do Juizado Especial Cível de Belo Horizonte de 1996 a 1999. Foi juiz titular da 2ª Vara Cível da comarca de Belo Horizonte a partir de 03/11/1999. Também atuou no TRE mineiro como juiz substituto e juiz auxiliar da Corte em 2006 e foi membro e depois presidente da 1ª Turma Recursal Cível, aí atuando desde abril de 2002, como suplente, e a partir de março de 2003 como titular, até dezembro de 2007. Foi Juiz titular da Corte do TRE mineiro, de fins de 2007 a abril de 2009. Desde 16/4/2009 ocupa o cargo de Desembargador do TRJ mineiro.

Trabalhou como jornalista de 1963 a 1980 e foi repórter da Tribuna do Norte, em Natal (RN), e correspondente, em Belo Horizonte, dos jornais O Globo, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo.

²  Quero deixar aqui consignado meu agradecimento ao escritor e pesquisador Prof. Evandro de Almeida Coelho por ter-me ofertado uma cópia do artigo da autoria do jornalista Gutemberg da Mota e Silva, constante de seu arquivo.

³  Na sua tese de doutorado, intitulada Uma Fábula no Compasso da História - Estudo para Inferno Provisório em seis atos, Francismar Ramírez Barreto propõe-se a identificar os elementos que fazem do  Inferno Provisório, do mineiro Luiz Ruffato, um romance, abordando em cinco capítulos os cinco volumes que constituem a obra em questão. No terceiro capítulo, que a acadêmica chama de Ferrolhos no Teto (terceiro ato), há uma descrição curiosa nas pp. 219-220 sobre a Cera Dr. Lustosa no seguinte trecho:
"(...) "e agora desprendeu-se a cera-lustosa que tampava a panela-do-dente e já a dor pernilonga os ouvidos ambicionando achegar novamente, ferroa, entojada, arrodeando, infla em fogo a bochecha (...)". E continua um pouco mais embaixo: "Utilizada para interromper o incômodo produzido pelas cáries, a "cera lustosa" foi um anestésico dentário muito utilizado. Abranda temporariamente o mal (quando colocada sobre o ponto exposto da dor), mas não cura o problema. De acordo com o site dos fabricantes, a cera deve seu nome ao trabalho do Dr. Paulo de Almeida Lustosa. O público alvo era a população de baixa renda. Conhecido pelos slogans "alívio seguro na dor de dente" e "acabe com a dor em cinco minutos", o "tubinho vermelho" vendia-se ao longo do território nacional e foi tão bem aceito que passou a formar parte de um seleto grupo de produtos de saúde ("queridinhos" da indústria publicitária) como a Emulsão Dr. Scott, o Biotônico Fontoura, o Elixir Paregórico (tintura de ópio) e as Pílulas de Vida do Dr. Ross. Era a solução para quem a visita ao dentista resultava dispendiosa. Qual o objetivo do leitor abordar o significado de "cera-lustosa"? Dois pelo menos: entender a situação de vida do sargento Narciso — protagonista do trecho — e imaginar uma época.
Ainda que a cena do crime seja recriada, o que importa é a situação social, econômica e profissional desse trabalhador. Por exemplo: utilizar "cera-lustosa" significa que esse homem não dispõe dos recursos para ir ao dentista. O que cai do dente é a "cera" e o que o delegado recomenda mais adiante é tirar o dente ou comprar "uma latinha" do anestésico. A cárie (e o aperto econômico) tem tempo, então. Nas primeiras linhas, o desconforto é comparado com um inseto alado e provido de aguilhão (himenópteros): "a dor pernilonga (...), ferroa (...), infla em fogo a bochecha". (Cf. no endereço eletrônico http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/12509/1/2012_FrancismarRamirezBarreto.pdf)

⁴  Hoje o engenheiro Sr. Roberto Fontes Lustosa, filho de Paulo Rodrigues Lustosa, é a terceira geração à frente da Cera Dr. Lustosa, procurando novos rumos para o medicamento inventado por seu avô. No dia 5 de maio de 2013, ele proferiu uma palestra intitulada "A Cera Dr. Lustosa" aos membros do IHG de São João del-Rei. Na ocasião, tomamos conhecimento de que uma professora da UFMG, Ana Luíza Cerqueira Freitas, da área de industrialização, tinha escrito um livro chamado "Cera Dr. Lustosa: A Trajetória de um Produto" (agosto/2006), a qual veio a São João del-Rei, conheceu a história da Cera e identificou a sua invenção e produção com a história da da industrialização do País. Segundo ele, nesse livro, a autora tinha falado sobre a criatividade de seu avô, sobre a sua capacidade como homem de publicidade, sobre o homem responsável pelas áreas da produção, comercial e financeira, ou seja, alguém que exercia simultaneamente todos os cargos gerenciais existentes dentro de uma empresa. Lamentou que a autora tenha tentado publicar esse livro durante anos, tendo a família Lustosa procurado ajudá-la, mas sem sucesso. Além disso, o neto de Dr. Lustosa nos informou que, diante da proibição de fabricação da Cera pela ANVISA em fevereiro de 2009 sob a alegação de que a concentração de fenol presente na composição da Cera era prejudicial à saúde, — embora seja desconhecido um único caso de malefício da Cera nos 90 anos em que operou no mercado nacional, — felizmente está prosperando o processo de tombamento voluntário e genérico do produto e de todo o acervo do Laboratório Cera Dr. Lustosa, conforme recomendara o relator Sr. José Antônio de Ávila Sacramento aos outros membros do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de São João del-Rei, que o aprovaram. Cabe ressaltar que desse processo de tombamento da Cera Dr. Lustosa consta o aval, em forma de declaração, dado pelo IHG local, assinado por seu presidente Artur Cláudio da Costa Moreira. Ainda segundo o relator José Antônio, resta ainda a aprovação de dois novos processos: um, visando ao registro e inventário das práticas e domínios do modo de fazer da Cera Dr. Lustosa, registrando-as como patrimônio imaterial do Município de São João del-Rei, e outro, com o propósito de tombamento das obras constantes da biblioteca do Laboratório Dr. Lustosa, visando inventariá-las e protegê-las, já que algumas delas são raras e abarcam muitos ramos do conhecimento humano no começo do século XX, abrangendo as seguintes ciências: medicina, ortodontia, farmácia, história natural e outras. Na referida palestra, o neto de Dr. Lustosa agradeceu também ao confrade do IHG José de Carvalho Teixeira por ter-lhe sugerido que o processo de tombamento da Cera fosse feito nos mesmos moldes do procedimento que tinha sido adotado para o tombamento do queijo da Serra da Canastra e encaminhado o assunto aos outros membros do IHG. Segundo o palestrante, Teixeira entendia que, com o tombamento, a Cera passaria a ser um patrimônio da cidade, cuja preservação ficaria a cargo de um ente público; além disso, achava que, mesmo que não se conseguisse retornar com a fabricação e comercialização da Cera, pelo menos o fato de ficar registrado o trabalho do seu avô nos anais da História justificava o esforço de tombamento, já que a Cera tinha divulgado, nas suas embalagens durante 90 anos, a cidade de São João del-Rei e o Estado de Minas Gerais. Na mesma memorável reunião, o relator do processo de tombamento, José Antônio, que também é confrade do IHG, manifestou-se dizendo que "a Cera já tinha extrapolado os laços familiares e já era  ou devia ser se nós vivêssemos numa sociedade séria  patrimônio de São João del-Rei, de Minas Gerais e da história da Odontologia no Brasil".



IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BARRETO, F.R.: Uma Fábula no Compasso da História - Estudo para Inferno Provisório em seis atos (tese apresentada na UnB para obtenção do grau de Doutora). No seguinte endereço eletrônico: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/12509/1/2012_FrancismarRamirezBarreto.pdf, pp. 219-220

SACRAMENTO, J.A.A.: Tombamento do Laboratório da Cera Dr. Lustosa, no seguinte endereço eletrônico:
http://www.patriamineira.com.br/imagens/img_noticias/150918100413_Cera_dr._Lustosa.pdf

SILVA, G.M.: Dor de dente? Cera Dr. Lustosa. Os 90 anos de um dentista popular,  Jornal do Brasil, edição de 24 de outubro de 1977, p. 4. 


* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, Academia Divinopolitana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do DF e Academia Taguatinguense de Letras. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

domingo, 21 de julho de 2013

Prefácio do Acadêmico Dr. Ático Vilas Boas à recente reedição de O APÓSTATA, da autoria de Sérgio Guido (pseudônimo do Dr. RIBEIRO DA SILVA)



Sérgio Guido, precursor da novelística em Goiás, nome pouco lembrado!

Por Ático Vilas Boas ¹


Os estudos literários têm avançado muito na terra anhanguerina, a partir da implantação do ensino universitário em Goiás, com a Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade Católica de Goiás e com a Faculdade de Filosofia (Facfil) da Universidade Federal de Goiás (1962), cujo ponto alto vem sendo vislumbrado a partir da implantação do seu Curso de Mestrado em Letras e em Ciências Humanas, posteriormente, História.

Esse curso funcionou de 1972 a 1974, no antigo e saudoso Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), então dirigido pela dinâmica Professora Doutora Lena Castelo Branco Freitas que não hesitou em estabelecer, entre o ICHL e a USP, um convênio de cooperação universitária. O primeiro coordenador do mestrado foi o Professor Doutor Cidmar Theodoro Paes. O corpo docente desse curso era constituído tão-somente de professores da USP. Em 1974, a não menos dinâmica Professora Moema de Castro Silva Olival, que tinha se doutorado na USP, assume a coordenação desse curso pioneiro, prestando um valioso serviço ao nosso ensino pós-graduacional.

Agradecemos à colega Professora Lena as informações exatas sobre a implantação dos nossos cursos de pós-graduação em Letras, permitindo-nos, dessa forma, maior fidelidade quanto ao respectivo registro histórico!

A partir desses fundamentos iniciais, os estudos literários goianos vêm-se desenvolvendo a olhos vistos, do ponto de vista quer quantitativo, quer qualitativo.

A reedição do romance O Apóstata, em tão boa hora realizada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Goiás — graças à boa vontade e ao descortino do seu presidente, o escritor Aidenor Aires — há de contribuir muito para que os futuros pesquisadores possam ter à sua disposição uma obra de difícil acesso, pois a primeira edição foi incinerada pelo próprio autor, atendendo ao pedido de um bispo, fato explicado mais adiante, quando registrarmos alguns acontecimentos surpreendentes que fazem parte da vida acidentada do escritor...

Outros precursores, no setor da poesia, já foram bem estudados por alguns historiadores da nossa literatura, embora a obra em pauta fosse mencionada, de forma peregrina, em seus valiosos estudos.

Eis aqui a delimitação do nosso estudo prefacial:

I.  O  AUTOR

Até bem pouco tempo, o nome de Antonio Ferreira Ribeiro da Silva, mais conhecido literariamente por meio de seu pseudônimo Sérgio Guido, estava quase esquecido em Goiás.

Nasceu a 31 de julho de 1868, na Cidade de Goiás, então capital da Província de Goiás. Era filho do Tenente Pedro Ribeiro da Silva e de Antonia Ferreira Ribeiro Silva.

Iniciou seus estudos no renomado Seminário Episcopal Santa Cruz, de sua terra natal, onde pôde adquirir sólida cultura geral, notadamente de Latim. Concluiu o Curso de Humanidades no Mosteiro de São Bento, da cidade do Rio de Janeiro. Ingressou mais tarde na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, revelando-se aluno muito brilhante. Em 12 de agosto de 1890, apresentou a tese Estudo Clínico das Dispepsias nas Crianças, sustentando-a com brilhantismo, no dia 24 de dezembro de 1890, para a obtenção do grau de doutor em medicina.

Retornando à sua terra natal, ocupou ali o honroso cargo de Secretário da Instrução Pública, elaborando, naquela época, importante plano para a reforma do ensino, considerado, sob vários aspectos, muito avançado.

Em 15 de novembro de 1891, foi eleito pelo Congresso Constituinte Vice-Presidente de Goiás, na chapa do Presidente Dr. Rodolfo Gustavo da Paixão, renunciando ao cargo por causa da reviravolta ocorrida nos arraiais da política de Goiás.

Em 1893, passou a residir em Perdões (MG), onde se casou com Carmélia de Oliveira Silva, filha de Aquiles Crisanto Pereira e Carmélia Augusta da Silva. Naquela localidade, exerceu sua profissão com pleno êxito, inclusive conseguindo grande clientela na região em volta de Perdões.

Ali ocupou a vereança e o cargo de agente executivo distrital. Redatoriou o primeiro periódico de Perdões, A Faísca, de propriedade do Coronel Beltrão da Costa Pereira.

Em 1899, realizou uma longa viagem de estudos à Europa, tomando posse como membro efetivo da Conferência Internacional de Bruxelas, para a Profilaxia da Sífilis e Moléstias Venéreas.

Em 1907, fixou residência em São João del-Rei, onde residiu durante 15 anos e ali ocupou, entre outros, os seguintes cargos: Professor de Física e Química do Instituto de Humanidades São Francisco de Assis; lente de Física da Escola de Farmácia de São João del-Rei (foi o paraninfo da primeira turma de formandos daquela instituição recém-criada); chefe da Clínica Cirúrgica da Santa Casa da Misericórdia; médico do extinto Hospital do Rosário; delegado de Higiene do Estado de Minas Gerais; inspetor escolar; inspetor sanitário; médico legista da polícia e membro do diretório do Partido Republicano Mineiro. Incansável animador cultural, teve como uma de suas ocupações prediletas a de incentivador das atividades teatrais, chegando a presidente do Clube Teatral Artur Azevedo (1918).

Uma valiosa informação biográfica que bem atesta o alto nível dos conhecimentos médicos do Dr. Ribeiro da Silva: o Aspirante Dilermando de Assis foi o autor, em circunstâncias dramáticas, da morte do notável escritor Euclides da Cunha, fato ocorrido a 15 de agosto de 1909, na residência do citado militar, no Rio de Janeiro.

Essa ocorrência desagradável, em que pereceu o eminente escritor, ficou logo conhecida como a Tragédia da Piedade (RJ), estigmatizando, para sempre, um bairro carioca de classe média.

Euclides da Cunha, ao tentar alvejar Dilermando, seu desafeto, não o conseguiu e a bala veio alojar-se na coluna vertebral de Dinorah de Assis, seu irmão e hóspede, deixando-o paralítico.

Na qualidade de militar, foi transferido para São João del-Rei, trazendo o irmão inválido. Atendendo ao pedido de Dilermando, Dr. Ribeiro da Silva examinou Dinorah, solicitando exames radiológicos e outros indispensáveis.

Com a aquiescência do paciente, foi feita na Santa Casa da Misericórdia local a cirurgia para a remoção da bala na espinha de Dinorah.

Dr. Ribeiro da Silva contou, no ato cirúrgico, com a cooperação dos conceituados médicos Dr. Francisco Lafaiete Rodrigues Pereira, mais tarde catedrático concursado da Faculdade Nacional de Medicina (RJ), e Dr. Alceste de Freitas Coutinho. A cirurgia alcançou êxito e Dinorah voltou a andar.

Na sua condição de neoiluminista, Ribeiro da Silva preocupava-se muito com tudo o que pudesse elevar o grau da instrução em nosso país, então muito carente dela. Para isso, prestigiava as manifestações relacionadas com o ensino, tendo sido paraninfo de turmas que concluíam o curso primário ou fazendo-se presente em todas as festas cívicas. Em 7 de setembro de 1922, o Dr. Ribeiro da Silva integrou a comissão que organizou o programa das grandes solenidades do centenário da Independência. O menino Belisário Leite de Andrade Neto saudou a Bandeira Nacional.

Na cerimônia de plantação de árvores, discursou o menino Tancredo de Almeida Neves, que veio a ser um político de renome nacional, culminando sua carreira como presidente da República eleito em 1985.

Antônio Ferreira Ribeiro da Silva faleceu no dia 2 de setembro de 1928, na cidade do Rio de Janeiro, deixando numerosa prole.

A edilidade de São João del-Rei homenageou-o ao batizar uma rua do centro daquela cidade com o seu estimado nome. O mesmo fez a Academia de Letras de São João del-Rei, ao fazê-lo patrono da Cadeira nº 10.

Colaborador assíduo do Brasil Médico, escreveu, em prosa e em verso, em vários periódicos. Foi médico conceituado, além de distinto clínico e teatrólogo.

De sua produção poética, destaca-se o longo poema Duas Palmeiras do Bonfim, em que soube exaltar São João del-Rei que o acolhera muito bem, embora na estrofe final se percebam as marcas de sua goianidade:

"Quando a qualquer de vós me acosta um instante
Bem nítido ouço no âmago do caule
Em rítmico pulsar, qual se ele enjaule
O nobre coração de um bandeirante."
(Janeiro de 1924)

Algumas fontes bibliográficas não permitiram que o escritor Ribeiro da Silva fosse totalmente esquecido em sua própria terra: a) Victor de Carvalho Ramos: Letras goianas, esboço histórico (1938-1968); b) Gilberto Mendonça Teles: A poesia em Goiás (1964); c) José Mendonça Teles: Dicionário do escritor goiano (2000); d) Mário Ribeiro Martins: Dicionário bibliográfico de Goiás (1999). Esta obra foi a que registrou o maior número de dados biográficos de Ribeiro da Silva, pois o seu autor é um verdadeiro escafandrista bibliográfico e merece todos os nossos aplausos! Infelizmente, Assis Brasil não o inclui em sua antologia A poesia goiana no século XX (Coleção Poesia Brasileira. Rio de Janeiro: Imago/Goiânia: Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira, 1997), conforme nos alertou o erudito Prof. Dr. José Augusto Carvalho (ES). Explica-se: A produção poética do Dr. Ribeiro da Silva acha-se totalmente registrada em periódicos nacionais e nunca foi transformada em livro.


II.   OBRA 


Victor de Carvalho Ramos, em sua desbravadora obra Letras Goianas, esboço literário (1938-1968) soube, embora de forma muito sucinta, apresentar o perfil de O Apóstata, obra pioneira de Sérgio Guido (pseudônimo do médico Antônio Ferreira Ribeiro da Silva), fruto de sua cultura polivalente. Eis como ele a perfila de forma magistral:


É a história de um rapaz que se fez padre por imposição materna, mas, não tendo vocação para o sacerdócio, mandou às urtigas a batina depois de exercer cargos eletivos e redatoriar um jornal partidário, do alto de cujas colunas metia a ridículo o povo e o próprio clero.

O livro parece um protesto contra o regime de internato e a rotina do ensino adotado nos seminários. Denuncia injustiças e preferências; critica a bisonhice mental de professores incompetentes. O autor, supomos nós, talvez em criança tenha frequentado algum educandário clerical e, na velhice, entendeu de recordar a severidade com que fora tratado. Cremos ter sido rigoroso nas suas apreciações. Em todos os colégios, leigos ou não, há bons e maus professores, atenciosos e rígidos reitores. Generalizar é cometer grave falta.

O padre Lourenço, herói da novela, vingara-se, homem feito, da carreira que o forçaram a seguir. Ao deixar o seminário, saturou-se de ideias heresiarcas e filosóficas. Leu Voltaire, Diderot, Darwin, Spencer, Rousseau, Guerra Junqueiro, Zola. O resultado foi uma apostasia para casar-se com Madalena. Era tarde. A batina estraga-lhe a vida futura. A alma já se lhe havia envenenado. Não pôde encontrar no lar a felicidade que esperava. E um dia, após assistir aos cerimoniais das Endoenças, suicida-se.

O livro de 195 páginas e 34 capítulos, não obstante pequenos senões de técnicas que o tornam um pouco monótono, contém passagens dignas de leitura." (pág. 55)


Contudo, esse lúcido exegeta não chamou a atenção dos leitores para o fato de a Academia Brasileira de Letras haver premiado a referida obra, não levando em conta algumas de suas eventuais falhas.

Seria bom não esquecer que o romance O Apóstata poderia, também, ser denominado de roman-à-clef, pois um dos protagonistas, Dom José da Silva, bispo diocesano, é a caricatura de Dom Eduardo Duarte Silva, por sinal muito antipatizado na Cidade de Goiás. Trata-se do prelado que conseguira transferir a sede da diocese vila-boense para Uberaba (MG), após vários atritos com alguns setores de sua diocese, inclusive a maçonaria local. Quem lhe esboçou um perfil muito favorável foi o historiador eclesiástico Cônego José Trindade da Fonseca e Silva, em sua alentada obra Lugares e pessoas: subsídios eclesiásticos para a história de Goiás (1948).

Pelo simples fato de se tratar de um autêntico romance-chave, acreditamos que o pseudônimo Sérgio Guido estaria propositalmente ligado ao antropônimo Guido, Marquês de Toscana (?-929), casado com Marozia, viúva do Conde de Túsculo. Em 928, esse nobre mandou estrangular, por questões políticas, o papa João X.

Uma curiosidade bibliofílica: quando lecionávamos na Universidade Federal de Goiás, durante as suas douradas primeiras décadas, entramos em contato com uma das filhas do escritor Ribeiro da Silva, residente em Niterói (RJ). Certo dia, durante nossa espichada conversa telefônica, ela nos narrou algumas peripécias da vida de seu pai, em Goiás, durante o período turbulento do governo de Floriano Peixoto, que o obrigou a exilar-se em Minas Gerais. E mais: quando seu progenitor lançou, em São João del-Rei, O Apóstata (1923), um bispo, todo paramentado, visitou o autor, ocasião em que lhe pediu insistentemente que incinerasse a edição daquela obra. O que ele fez no mesmo dia. Acontece que ela conseguira esconder, debaixo do seu colchão, um dos exemplares condenados à fogueira inquisitorial. Esse exemplar que se livrou das chamas foi-me presenteado no século passado, permitindo a presente reedição.


¹  Doutor em Letras e Professor Titular (aposentado) da UFG. Sócio Emérito do IHGG.

Colaborador: Ático Vilas-Boas da Mota

(Vide retrato do colaborador in http://melodiaweb.com/Sessao.aspx?cod=460)

Ático Frota Vilas-Boas da Mota, escritor, folclorista, historiador, tradutor e professor universitário aposentado, nasceu em Livramento de Nossa Senhora-BA, mas radicou-se muito cedo em Macaúbas. Aí fez o curso primário no Grupo Escolar Cônego Firmino Soares. O curso secundário fez no Liceu Salesiano de Salvador.
Viveu muitos anos em Goiás, terra de seus antepassados maternos.
Diplomou-se em letras neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1957).
Concluiu vários cursos de extensão e de especialização na Argentina e na Europa.
Doutorou-se em Filologia Românica pela Universidade de São Paulo (1972) com a tese: "Formas de tratamento em Português e Romeno", destacando-se como pioneiro dos estudos romenos no Brasil e como o primeiro escritor brasileiro que teve uma de suas obras (Ciganos, poemas em trânsito) traduzida para o romani, a língua dos ciganos.
Participou do corpo diplomático extraordinário, na qualidade de assessor cultural, quando do reatamento de nossas relações diplomáticas com o Leste Europeu (Missão João Dantas - 1961).
Iniciou a sua carreira universitária como professor assistente de letras hispano-americanas, a convite do titular, o saudoso Prof. Mário Camarinha da Silva, da Universidade Católica de Petrópolis - RJ.
Dirigiu o Departamento de Educação e Cultura da Universidade Federal de Goiás quando realizou, entre várias promoções culturais, a Primeira Exposição Internacional do Livro em Goiás (1963-1964).
Foi professor cofundador e Vice-Diretor da então Faculdade de Filosofia da UFG.
Criou e elaborou o primeiro Plano Estadual de Cultura de Goiás (1972 - Secretaria de Educação e Cultura de Goiás), que mereceu diversos elogios da UNESCO (Paris).
Pertence a várias instituições culturais e científicas do Exterior.
No Brasil, participa de várias instituições, a saber:
- Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás
- Membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia
- Sócio-Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
- Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
- Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (2005/RJ)
- Membro da Sociedade Brasileira de Geografia (1983/RJ)
- Membro da Academia de Letras de Brasília (DF)
- Membro Correspondente da Academia Cachoeirense de Letras (ES)
- Membro da Academia Belavistense de Letras, Artes e Ciências (GO)
- Membro Correspondente da Academia de Letras da Bahia
- Membro da Academia de Letras do Brasil, cadeira nº 10, patrono Manoel Bandeira (Brasília-DF)
Em Bucareste, exerceu o cargo de Professor-Associado da Universidade de Bucareste (Romênia-1999/2000) e de Pró-Reitor da Universidade Internacional de Bucareste (2000).
Obteve  prêmio no Concurso Nacional de Contos (Paraná) e no Concurso "Mário de Andrade" (São Paulo) sobre Folclore Nacional. Também, em 1976, recebeu o 1º Prêmio Nacional de Defesa do Folclore Brasileiro com a monografia: "Catarismo, Inquisição e Judeus no Folclore Brasileiro", na qual apresenta novas explicações quanto à origem da Malhação do Judas e da Serração da Velha.
Foi ainda Presidente da Comissão Nacional de Folclore (IBECC-UNESCO/RJ - 1992/1999).
Foi agraciado com as seguintes comendas:
- condecoração da ordem Rio Branco (2000)
- condecoração com o título de Comendador pelos serviços fielmente prestados (2011), pelo Governo da Romênia (a mais alta distinção daquele País)
- condecoração com o título de cidadão goiano, por decisão da Assembleia Legislativa de Goiás.
Atualmente, exerce o cargo de Presidente da Fundação Cultural Professor Mota, em Macaúbas-BA, tendo sido o seu fundador.
Fala e escreve em espanhol, francês, italiano e romeno.
Traduz em catalão, inglês, sueco, esperanto e romani.

I - OBRAS PUBLICADAS:
1- MUTIRÃO, Inquérito linguístico-etnográfico-folclórico, edição do Autor (Goiânia/1964)
2- ASPECTOS DA CULTURA GOIANA, antologia de artigos, de parceria com Modesto Gomes (Departamento Estadual de Cultura de Goiânia/1972)
3- PROVÉRBIOS EM GOIÁS (Premiado no XXVII Concurso "Mário de Andrade", em São Paulo, sobre Folclore Nacional, em 1972)
4- QUEIMAÇÃO DO JUDAS, CATARISMO, INQUISIÇÃO E JUDEUS NO FOLCLORE BRASILEIRO (com o qual obteve o Prêmio Sílvio Romero de Folclore em 1976, tendo sido publicado pelo Instituto Nacional de Folclore-MEC/FUNARTE, no Rio de Janeiro, 1980)
5- REZAS, BENZEDURAS ET CETERA: Medicina popular em Goiás (2º Prêmio no 1º Concurso Nacional de Folclore Americano do Brasil, Goiânia, Editora Oriente, 1977)
6- CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA CIGANOLOGIA NO BRASIL, Goiânia, editado pelo Autor, 1982
7- MOMENTOS DA HISTÓRIA DOS ROMENOS, Brasília, Editora Thesaurus, 1988
8- MOMENTS IN THE HISTORY OF ROMANIA, Brasília, Editora Thesaurus, 1992
9- CIGANOS, poemas em trânsito, Brasília, Editora Thesaurus, 1998 (Obs.: Esta obra foi traduzida, em 2008, para o romeno, o romani (língua dos ciganos) e para o inglês, pela Editora Coresi de Bucareste.)
10- ROMÊNIA, POEMÁRIO TELÚRICO, Brasília, Editora Thesaurus, 1999
11- BRASIL E ROMÊNIA: PONTE CULTURAL (Conferência), in A NOVA ROMÊNIA, Brasília, Editora Thesaurus, 1999
12- ESTRELA EDITORIAL DOS IRMÃOS TAYLOR E JOSÉ ORIENTE, Goiânia, Kelps, 2002
13- LITERATURA MACAUBENSE, Brasília, Fundação Cultural Prof. Mota, 2003
14- ESTUDOS CIGANOS (antologia), Brasília, Thesaurus Editora, 2005
15- ALPONDRAS: Travessia de Bucareste, com prefácio de Ursulino Tavares Leão, posfácio de Adovaldo Sampaio e ilustrações da renomada escultora Maria Guilhermina, Goiânia, Editora da UFG, 2005
16- BRASIL E ROMÊNIA: PONTES CULTURAIS, Brasília, Editora Thesaurus, 2010, 1093 p. (Obs.: Este livro foi lançado no dia 30 de abril de 2010, no Rio de Janeiro, sob os auspícios da Academia Brasileira de Letras e da Fundação Alexandre Gusmão [Itamarati])

II - TRADUÇÕES PUBLICADAS
1- CONSTANTIN C. GIURESCU - A Transilvânia na história do povo romeno, Rio de Janeiro, Editora Grifo, 1977
2- ION LUCA CARAGIALE - Uma noite tempestuosa, Brasília, Editora Thesaurus, 2005
3- ION LUCA CARAGIALE - Uma carta perdida, Brasília, Editora Thesaurus, 2007