sábado, 29 de março de 2014

FESTA DE PASSOS


Por Francisco José dos Santos Braga



Senhor dos Passos
Nossa Senhora das Dores





















I.  INTRODUÇÃO


Em São João del-Rei, a Venerável Irmandade de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos (ou simplesmente, Irmandade dos Passos), fundada em 12 de dezembro de 1733, promove tradicionalmente a Comemoração dos Passos, marcando de forma especial a Quaresma e propondo-nos ver e sentir mais de perto, em espírito de recolhimento e piedade, os sofrimentos de Jesus Cristo e sua Mãe. Conforme determina o Compromisso da Irmandade dos Passos, o IV Domingo da Quaresma (ou 30 de março em 2014) é dedicado a rememorar os dolorosos Passos de Jesus a caminho do Calvário.

Quando foi firmado o Compromisso da Irmandade dos Passos, entendia-se e ainda hoje se entende que o IV Domingo da Quaresma guarda íntima relação com a Quarta Dor de Maria Santíssima, em que se medita o tema "Maria encontra Jesus no caminho do Calvário" e se reza: 
"Deus, nosso Pai, no caminho do Calvário, Vosso Filho, Jesus, e Maria, sua Mãe, se encontram. Suplicantes Vos pedimos que, a exemplo da Virgem das Dores, saibamos ir ao encontro dos que sofrem, compreendendo-os, compartilhando e aliviando suas dores. Por Cristo, nosso Senhor. Amém! "
 Àquele que me indaga sobre a "estranha" tradição são-joanense de não celebrar o Encontro de Maria Santíssima com seu amado Filho no caminho do Calvário dentro da Semana Santa, o que seria mais lógico acompanhando o rito seguido por outras dioceses do País, respondo com uma tradição muito mais antiga, cujo início, na Itália, data de 1617, quando se estabeleceu a Coroa das Dores de Nossa Senhora, por iniciativa da Ordem dos Servos de Maria. A Coroa é um dos frutos do carisma mariano da Ordem, cultivado desde 1233, ano de sua fundação. Em suma, essa é a razão por que, em São João del-Rei, se celebra o encontro de Cristo flagelado com sua Mãe, não durante a Semana Santa, mas antes. Relembro aqui as sete Dores de Maria, cuja Coroa hoje é oficialmente celebrada em toda a Igreja no dia 15 de setembro, na seguinte sequência original:
Primeira Dor: "Maria acolhe a profecia de Simeão"
Segunda Dor: "Maria foge para o Egito com Jesus e José"
Terceira Dor: "Maria e José procuram Jesus"
Quarta Dor: "Maria encontra Jesus no caminho do Calvário"
Quinta Dor: "Maria junto à cruz de seu Filho"
Sexta Dor: "Maria acolhe em seu colo Jesus deposto da Cruz"
Sétima Dor: "Maria deposita o corpo de Jesus no sepulcro".
 
Convém salientar ainda que a Igreja se lembra duas vezes das Dores de Maria Santíssima: na sexta-feira que antecede o Domingo de Ramos e na data oficial de 15 de setembro. Em São João del-Rei, a Irmandade dos Passos, responsável pelas festas religiosas durante a Quaresma, programa não só a festa da Soledade de Nossa Senhora na referida sexta-feira que antecede o Domingo de Ramos, mas também o período de uma semana que a precede, cada dia dedicado à meditação de uma Dor de Maria Santíssima, conhecido por Setenário das Dores.

Neste ano de 2014, a Festa dos Passos se iniciou com a Sexta-feira das Dores (28 de março), teve prosseguimento no Sábado de Passos (29 de março), culminando no Domingo do Encontro (30 de março) e deverá perdurar ainda com o Setenário das Dores (comemorado de 4 a 10 de abril), encerrando-se com a Soledade de Nossa Senhora, que em 2014 cairá em 11 de abril.

Além de minhas anotações, particularmente sobre os dois dias que antecedem o IV Domingo da Quaresma e sobre o próprio Domingo do Encontro, localizei entre os periódicos e jornais na Biblioteca Batista Caetano de Almeida uma deliciosa crônica assinada por C.V., cuja autoria, por suas características, atribuo à professora Celina Viegas, mãe dileta de Dr. Milton de Resende Viegas, ilustre prefeito de São João del-Rei no quatriênio 31/01/1967-31/01/1971.


II.  Minhas anotações sobre a Festa dos Passos de 2014


Na Sexta-feira das Dores (28 de março p.p.), às 19 horas, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, assistimos à Missa por intenção dos ex-Mesários da Irmandade dos Passos. Após, foi ouvido um moteto de Martiniano Ribeiro Bastos a cargo da Orquestra (e coro) Ribeiro Bastos. Às 20 horas, houve solene Procissão do Depósito da imagem de Nossa Senhora das Dores para a Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmelo (ou simplesmente, igreja do Carmo). Irmãos carmelitas vieram receber a Senhora das Dores na Rua Direita. Observe-se que a imagem de Nossa Senhora das Dores, transladada para a igreja do Carmo, seguiu "velada", isto é, envolvida por um velário roxo, que foi retirado quando ela chegou ao altar-mor dessa igreja, ficando ali "depositada" até o Domingo do Encontro. Ramos de manjericão que até então ornamentavam o andor, são distribuídos ao povo. Ali também repetiu-se o moteto de Martiniano Ribeiro Bastos, seguido pelo inspirado "Miserere" do Capitão Manoel Dias de Oliveira.


Miserere mei, Deus, secundum magnam misericordiam tuam.
Ó Deus, tende piedade de mim, segundo a vossa grande misericórdia.

No Sábado de Passos (29 de março p.p.), às 19 horas, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, acontece a Missa por intenção da atual Mesa Administrativa da Irmandade dos Passos. Após, a Orquestra (e coro) Ribeiro Bastos executa um moteto de Martiniano Ribeiro Bastos. Depois, em solene Procissão do Depósito, a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos (ou simplesmente, Senhor dos Passos) é levada para a Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis (ou simplesmente, igreja de São Francisco), observando-se os mesmos cuidados que aconteceram com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Ou seja, os irmãos franciscanos recepcionam o Senhor dos Passos próximo à Ponte da Cadeia, juntando-se à procissão. Também a Banda Teodoro de Faria que, até ali, acompanhava a procissão, tocando a Marcha dos Passos, da autoria de Martiniano Ribeiro Bastos, é substituída pela Banda do Regimento Tiradentes que continua tocando a mesma Marcha dos Passos até a entrada da procissão na igreja de São Francisco. O velário roxo que estivera até ali velando a imagem do Senhor dos Passos, é retirado quando ela chega ao recinto do altar-mor, ficando ali "depositada" até o dia seguinte. Pode-se observar que da mão de Cristo que segura a cruz pende um ramo florido de orquídea. Ramos de manjericão que até então ornamentavam o andor, neste momento são distribuídos ao povo. Ali se repete o moteto de Martiniano Ribeiro Bastos, seguido pelo comovente "Miserere" de Manoel Dias de Oliveira.


Senhor dos Passos no altar-mor da igreja de São Francisco


No Domingo do Encontro, dia 30 de março p.p., pela manhã, na igreja do Carmo, às 8 horas, celebrou-se piedosa "rasoura" de Nossa Senhora das Dores, seguida de Missa. Em seguida, ainda pela manhã, às 9h 15min, na igreja de São Francisco, teve início a "rasoura" do Senhor dos Passos, ao som da emocionante marcha fúnebre "Saudades", da autoria do Capitão Benigno Parreira, e executada pela Banda do Regimento Tiradentes, seguida de Missa celebrada por Pe. Geraldo Magela da Silva, quando se executaram partes da Missa e outras peças da autoria de Pe. José Maria Xavier. O andor do Senhor dos Passos agora se apresentou ornamentado com hortênsias azuis e róseas.  Às 18 horas, das supracitadas igrejas hospedeiras do Carmo e de São Francisco, saíram as procissões para o doloroso Encontro das duas piedosas imagens, relembrando o de Jesus com sua Mãe na Via Dolorosa do Calvário, em São João del-Rei simbolizada pela Praça Barão de Itambé (antigo Largo da Câmara). ¹ Na ocasião, ocupou a tribuna sacra Frei César Cardoso Resende, para proferir o Sermão do Encontro que  relembrou um dos momentos mais tocantes do drama da redenção da humanidade. Após o Encontro, uniram-se os dois cortejos, formando uma única procissão, agora com o Senhor dos Passos à frente, seguido pela Senhora das Dores, com destino à Catedral Basílica. Quando a procissão passou pelas Capelas Passos no seu itinerário, os andores fizeram uma parada, para que a orquestra executasse Motetos das Dores, da autoria de Martiniano Ribeiro Bastos. À entrada da procissão na Catedral Basílica, ocupou a tribuna sacra o Frei César Cardoso Resende para proferir o Sermão do Calvário. 

Para completar a Festa dos Passos, neste ano de 2014, consta da programação o piedoso Setenário das Dores, de 4 a 10 de abril, constando de orações, cânticos e meditações sobre as Sete Dores de Maria, e para ocupar a tribuna sacra o Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, pároco emérito da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, que infelizmente faleceu no dia 3 de março de 2014, na segunda-feira de Carnaval. Por essa razão, será substituído pelo Pároco Pe. Geraldo Magela da Silva. ²

Finalmente, no dia 11 de abril de 2014, será comemorada a Soledade de Nossa Senhora, constando dos seguintes atos litúrgicos: às 19 horas, Missa na intenção de todos os que cooperaram para a realização da Festa dos Passos de 2014. Após a Missa, estava previsto para ocupar a tribuna sacra o Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, que, pelas razões citadas, será substituído pelo Pároco Pe. Geraldo Magela da Silva.
Em seguida, sairá Procissão com a imagem de Nossa Senhora das Dores, visitando as Capelas Passos, onde serão executados "Motetos das Dores" de autoria de Martiniano Ribeiro Bastos e Francisco de Paula Vilela. À entrada da Procissão, será dada Bênção com a relíquia do Santo Lenho. ³

Todos os atos solenes da Comemoração dos Passos de 2014 foram presididos pelo nosso Bispo diocesano, Dom Célio de Oliveira Goulart.

Todas as comemorações aqui descritas foram transmitidas, ao vivo, pela TV Campos de Minas.


III.  FESTA DE PASSOS



Por C.V.  


Das festas tradicionais de São João del-Rei, é a festa de Passos uma das mais comovedoras, não só pelo seu sentido de interna religiosidade como pelo seu conteúdo cultural, evidenciando a realidade da transmissão de valôres morais e espirituais de gerações a gerações.
 
Herdada de nossos avós portuguêses, a devoção aos Passos de Nosso Senhor, vem talvez da Idade Média, em que a Paixão de Cristo era a máxima devoção da Cristandade. Ao contrário dos nossos dias em que a Igreja celebra e canta a glória de Cristo Ressuscitado, penhor da ressurreição de todos os cristãos, naqueles dias era o Cristo Sofredor, o Homem das Dores, a tônica da piedade cristã.

Nada mais natural que fossem meditados e venerados os Passos de Cristo pelo Caminho da Cruz. Admirável é o fato de que esta devoção subsista de uma forma tão tocante na nossa terra e na nossa época contra tôdas as tendências modernas da liturgia. E êste fato se deve exatamente ao seu conteúdo cultural, a essa transmissão de costumes e tradições de pais para filhos por várias gerações.

Não há são-joanense de espírito e coração, identificado a esta terra abençoada que não seja devoto do Senhor dos Passos, e que, esteja onde estiver, não atenda ao chamado dos sinos que aqui dobram nestes dias incessantemente.

Em São João, a festa de Passos se celebra com detalhes interessantes que causam estranheza aos que desconhecem as coisas da terra.

A celebração da festa no IV Domingo da Quaresma é de uma extemporaneidade curiosa, que demanda explicação.

Tôdas as antigas cidades de Minas, fiéis à tradição portuguêsa, eram outrora devotas do Senhor dos Passos. Marcos desta devoção são os oratórios coloniais "Passos" construídos em vários pontos das cidades e que ainda hoje se enfeitam carinhosamente de flôres nos dias da celebração para receber a visita do Senhor.

São José e São João del-Rei, vizinhas e rivais, aprimoravam-se na pompa e solenidade com que louvavam os Passos do Senhor.

Para atender as populações das redondezas, desejosas de assistirem ambas as comemorações, necessário se tornou que fôssem celebradas em domingos diversos.

São José del-Rei, talvez por mais próspera e importante naquelas eras, fixou o Domingo da Paixão, enquanto São João del-Rei fixou a data para o IV Domingo da Quaresma.

Nas três semanas que antecedem a festa, realizam-se às sextas-feiras as Vias-Sacras que percorrem a cidade ao anoitecer, visitando os "Passos" onde são cantados lindos e tocantes motetos da autoria do músico são-joanense Martiniano Ribeiro Bastos.

À meia-noite, nas segundas e quartas-feiras da Quaresma, nas portas dos numerosos cemitérios das várias Irmandades, encomendam-se as almas dos defuntos, com cantigas soturnas e rezas.

Do mais longínquo recanto de minha memória surgem reminiscências das noites de Encomendação de Almas, quando tiritando de pavor, encolhida na cama, com a cabeça coberta, imaginava "almas do outro mundo" levantando-se das sepulturas para percorrerem as ruas da cidade em tropel, cantando fúnebres árias de funeral e distribuindo ossos de defunto em forma de velas a quem se atrevesse a transitar pela cidade àquelas horas mortas, ou a espreitar pelas janelas.

Na quarta-feira e sexta-feira da Quaresma realiza-se o Depósito das Dores: a imagem de Nossa Senhora das Dores é levada, velada por uma cortina roxa para a Igreja do Carmo. Sábado translada-se a imagem do Senhor dos Passos, à noite, também velada para a Igreja de São Francisco de Assis. Ambos são recebidos com carinho e respeito pelos membros das respectivos ordens do Carmo e São Francisco, orgulhosas de receberem tão honrosa visita.

No Domingo do Encontro, celebram-se Missas Solenes nas Igrejas hospedeiras, precedidas de rasoiras à volta do templo.

Os fiéis acompanham estes "depósitos" a rasoiras com a maior piedade e respeito realmente edificantes.

Os pais levam seus filhos que desde pequeninos aprendem a vestir a opa e a carregar a tocha acesa nas procissões. As meninas, por sua vez, sentem-se felizes de figurar como "anjos" acompanhando o Senhor dos Passos, ou virgens no cortejo das Dores.

A cerimônia do Encontro é realizada no Largo das Mercês, onde é pregado um sermão referente ao Passo do Encontro do Senhor com Sua Mãe no Caminho da Cruz. Do Largo segue a procissão levando ambas as imagens para a Matriz do Pilar onde é pregado o Sermão do Calvário.

Há detalhes interessantes e tradicionais na festa de Passos, que são exclusivos de São João del-Rei: a batalha dos sinos é um dêles.  Os sinos dos Passos, de São Francisco e do Carmo empenham-se num desafio onde o vencedor é aquêle que consegue badalar até que os demais parem, vencidos pelo cansaço. Apostas se fazem, a garotada se diverte e os adultos quase endoidecem com o badaladal incessante dos sinos. Nas procissões, cabe aos médicos da cidade segurarem as fitas do pendão que anuncia a chegada da procissão.

Aos advogados é concedida a honra de levarem as lanternas que ladeiam o andor. Estas honrarias são ambicionadas e, às vêzes, até causas de ciumada e atritos pessoais.

Coisas de São João del-Rei. Desta cidade única no mundo, cidade querida para a qual pedimos as bênçãos do Senhor dos Passos e da Senhora das Dores que conhecem os corações humanos e que sabem perdoar as fraquezas e imperfeições. Cabe à mocidade são-joanense conservar religiosamente êste rico tesouro cultural que dá a São João uma personalidade distinta das demais cidades mineiras, zelando pelos seus costumes e tradições.

Fonte: A Comunidade, órgão da Prefeitura Municipal de São João del-Rei, Fundador e Idealizador: Prefeito Milton Viegas, Ano IV, janeiro de 1971, nº 30, p. 19 (na ocasião, Dr. Milton Viegas deixava o cargo de prefeito, sendo já eleito Mário Lombardi).



IV.  NOTAS DO AUTOR


¹  Na realidade, as condições meteorológicas vigentes nos Campos das Vertentes não permitiram a saída dos andores de suas igrejas hospedeiras, a saber, igrejas do Carmo e de São Francisco. Chuva torrencial varria as ruas de São João del-Rei na hora da Procissão do Encontro, o que levou o Bispo a transferir o préstito para o dia seguinte, segunda-feira, às 19 horas. Para não empanar a tradição das festividades, achei conveniente, nesta crônica, tratar do que estava previsto, deixando para nota de rodapé o que é fortuito e imprevisto, como o caso dessa transferência da Procissão do Encontro para segunda-feira.

²  É provável que, pelo zelo, cuidado e amor dedicados pelo Monsenhor Paiva a essas festividades da Quaresma, tenha tido o cuidado de deixar por escrito todo o sermão que pronunciaria durante as festividades do Setenário das Dores e da Soledade de Nossa Senhora.

³  VIEGAS (2014) observa que, 
"na procissão do Senhor dos Passos, que sai de São Francisco, o Bispo, sob rico pálio vermelho, já quase bicentenário, que tem as palas bordadas a fio de ouro com os estigmas da Paixão, conduz um relicário contendo um fragmento da verdadeira Cruz na qual Jesus Cristo foi crucificado. Faz uma pequena parada nas Capelas Passos onde a relíquia é incensada enquanto o coro e orquestra de sopros executa um moteto. À frente da procissão é conduzido um grande pendão roxo, no qual estão escritas as iniciais S.P.Q.R. que significa Senatus Populusque Romanus (Senado e Povo Romanos) por ordem do qual Jesus Cristo foi crucificado.
Sobre outras antigas e curiosas tradições da Irmandade dos Passos, mantidas ainda hoje, VIEGAS lembra que 
"os carregadores das lanternas junto ao andor do Senhor dos Passos são advogados e dos cordões de sustentação do pendão que vai à frente da procissão são médicos. 
Outra tradição preservada é a de ornamentar os andores de Nossa Senhora das Dores e do Senhor dos Passos, para as procissões dos Depósitos com ramos de manjericão e que após a cerimônia de incensação quando as imagens chegam aos seus destinos, é distribuídos aos fiéis que levam para suas casas como remédio. 
Vale ressaltar que a imagem de Nossa Senhora das Dores tem somente quatro espadas cravadas no peito e não sete como deveria ser simbolizando suas sete dores. O motivo de esta imagem ter somente quatro espadas é que o Encontro de Maria Santíssima com seu Filho Jesus Cristo é justamente a sua quarta dor. 
Outra tradição ainda mantida: a preparação da imagem de Nossa Senhora das Dores, com a troca de suas roupagens simples para as mais ricas é feita pela Família Assis Viegas, isso acontecendo desde a primeira metade do século XIX, tradição que passa de mães às filhas já que somente as mulheres é que preparam a imagem. Para a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos a responsabilidade é dos mesários homens, em trocar as vestes e preparar a imagem para as procissões.
Uma característica peculiar são os dobres de sinos, exclusivos da Solenidade dos Passos em São João del-Rei. Esses toques foram apelidados pelos são-joanenses de "Combate" pois há entre os sineiros da Catedral, Carmo e São Francisco, verdadeiro combate para ver qual dobra mais os sinos. Isso acontece na sexta-feira, no sábado e no Domingo do Encontro quando, então, os dobres são mais intensos. Os sinos das outras igrejas só dobram quando a procissão passa próximo a elas.
  Em minha opinião, trata-se de iniciais da professora Celina Viegas, mãe de Milton Viegas. Por outro lado, tratando de Dr. José das Chagas Viegas, esposo da suposta autora da deliciosa crônica acima citada, TIRADO (1987) observa que  
"ao eminente Dr. José Viegas, sobrevive a viúva, a extraordinária D. Celina, uma das mais renomadas educadoras que já passaram por nossa cidade, por 28 anos professora da E.E. João dos Santos, e durante trinta e três anos, proprietária e diretora de um internato para moças, personalidade ímpar, cristã modelar, mãe extremosa, que, aos 97 anos de idade, é ainda exemplo de dinamismo e de vida voltada ao bem do semelhante, a qual, tendo perdido a visão, continua com entusiasmo suas atividades, na mais completa conformação com a vontade de Deus." 
Seu nome foi dado a uma creche ou centro infantil funcionando no bairro do Tijuco, na cidade de São João del-Rei.

O livro "Piedosas e Solenes Tradições de Nossa Terra" traz nas páginas de nº 15 a 17 inúmeras informações a respeito dos dobres dos sinos a serem observados pelos sineiros desde a quinta-feira que antecede o IV Domingo da Quaresma.


V.  BIBLIOGRAFIA



Equipe de Liturgia da Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar: Piedosas e Solenes Tradições de nossa Terra, I volume intitulado "A Quaresma e a Semana Santa em São João del-Rei", 2ª edição, 1997, 530 p.

Prefeitura Municipal de São João del-Rei: jornal A Comunidade, fundador e idealizador: Prefeito Milton Viegas, Ano IV, janeiro de 1971, nº 30

TIRADO, A.C.:  Nomes que ilustram nossa terra: Dr. José das Chagas Viegas, disponível na Internet in http://saojoaodelreitransparente.com.br/works/view/19

VIEGAS, Aluízio José: Solenidade dos Passos e Semana Santa em São João del-Rei, disponível na Internet in http://www.dacaf.com.br/imprimir.php?id_noticia=181&tipo=noticia


sexta-feira, 21 de março de 2014

CARNAVAL DE 1928 NA "PRINCEZA DO OESTE"


Por Francisco José dos Santos Braga


I.  INTRODUÇÃO


O que se verá abaixo é como transcorreram as festas dedicadas ao reinado de Momo na pacata cidade de São João del-Rei, em fevereiro de 1928. Em matéria anterior intitulada "Ranchos Carnavalescos de São João del-Rei em 1928/1929", publicada em 28 de fevereiro de 2014 no Blog de São João del-Rei,  apresentou-se-me o ensejo de mostrar, através de quatro textos, como funcionavam os ranchos carnavalescos de então, verificando a composição de sua diretoria, sua organização e como operava a gestão dessas sociedades carnavalescas existentes em 1928/1929 e que não perduraram até nossos dias.

Espero ter despertado a curiosidade de meus leitores para a  viva descrição dos festejos carnavalescos de São João del-Rei, nos idos de 1928, o que só foi possível concretizar com o presente texto. É com prazer que lhes ofereço o fruto de minha pesquisa atual, mediante a transcrição fiel de como era a diversão naquele carnaval de antigamente, fruída com muita alegria e satisfação por nomes representativos da sociedade são-joanense, como se verá.

A minha fonte de consulta foi o jornal "A Tribuna" no ano de 1928.

Para ser fiel ao redator/escritor dos referidos textos, observei rigorosamente a grafia de época.


II.  TEXTO DE "A TRIBUNA", DESCREVENDO O CARNAVAL DE 1928 EM SÃO JOÃO DEL-REI


CARNAVAL DE 1928 NA "PRINCEZA DO OESTE"


AS DIVERSÕES

Embora o primeiro dia do reinado de Momo não se revestisse, na nossa "Princeza do Oeste", de grande animação, — o enthusiasmo trazido pelo segundo e terceiro dias foi de molde a compensar completamente a fraqueza, aqui, do início dos folguedos.
Se a 19 do vigente o movimento de pedestres e de vehiculos acabou relativamente cedo, — a 20 e 21, comtudo, tal se não verificou, e a avenida Ruy Barbosa, centro dos prazeres, regorgitou de gente, e difficil era encontrar-se um automovel que já não estivesse de antemão contractado para o "corso", que se revestiu de aspecto deslumbrante.
O tradicional caracter ordeiro do povo sanjoannense fez com que as diversões decorressem sem attritos e dissenções que as perturbassem, e, a não ser um conflicto sem importancia, verificado no interior de um "café" local, durante um baile, nada nos consta que houvesse occupado a attenção das autoridades policiaes.
Seja-nos permittido destacar, a este ensejo, os serviços da guarda-civil deste municipio, que, inaugurando os seus uniformes, inaugurou tambem a sua acção publica. Auxiliando a inspectoria de vehiculos da edilidade, chefiada pelo sr. Rudini Bello, os membros da novel corporação esmeraram-se quanto puderam no cumprimento dos seus deveres.

O TEMPO

A chuva, que ameaçava cair desde sabbado, foi, felizmente, tombar longe destas paragens, e os tres dias "gordos" ostentaram physionomia e temperatura realmente magnificas.
O unico inconveniente disso resultante foi a poeira, que, aliás, mereceu decidido combate das mangueiras de agua da nossa Camara, por ordem do fiscal-geral, sr. João Assumpção.

O "CLUB X"

A veterana sociedade carnavalesca preoccupou-se em sair à liça honrando dignamente os seus fóros e os seus louros.
O seu prestito, bem organizado, causou esplendida impressão ao povo.
Foi o seguinte o conjunto do "Club X":
— Fanfarra de clarins.
— Commissão de frente, a cavallo, composta dos srs. Arthur dos Santos, José Paiva, João de Lima Osorio, tenente Eurico Barbosa, Alberto Reis e Olympio Ferreira Filho.
— Carro da directoria, conduzindo os srs. Carlos Guedes, major Americo Alvaro dos Santos e José Trindade.
— Banda de musica.
— Carro chefe, onde, em rico throno, sob artistico tecto sustentado por lindas columnas, se assentava uma formosa odalisca (a senhorinha Ilva de Oliveira), empunhando o estandarte do "Club X".
— Carro do moinho, allegorico e de movimento, ornamentado pela presença de formosas camponias hollandezas (senhorinhas Aura Nogueira, Martha Hilario, Elzy e Elsa de Oliveira e Carmen Chanaan).
— Carro japonez, com tres guardas-chuvas abertos sob o sol... da consagração e a chuva... dos applausos, e no qual representavam de graciosas "amarellas" as senhorinhas Sara Carvalho e Geralda Coelho.
— Carro da directoria, trazendo os srs. Antonio Augusto Pacheco, João Viegas Filho e Antonio Gomes de Oliveira.
— "Zé pereira"
Guardas de honra, fogos, etc., abrilhantaram o prestito.
Os carros foram confeccionados pelo habilidoso sr. Christovam Rodrigues da Silva, das officinas da E. F. Oeste de Minas.
Montaram as installações electricas o Dedéco e o sr. José Narciso.
A scenographia ficou a cargo do sr. Ernesto de Oliveira.

OS "RANCHOS"

Saindo à rua no primeiro e no terceiro dia, como o "Club X", os invenciveis "ranchos" da nossa terra conquistaram as mais vivas palmas e acclamações da multidão que enchia o centro urbano.
É, sem duvida, admiravel o esforço dos cidadãos que os compoem, e que se não desmente nos continuos triumphos pelos mesmos alcançados.
Sentimos que a escassez de espaço nos obrigue a restringir as notas a elles concernentes.

"UNIÃO DAS FLORES"

O rancho "União das Flores", que com modestia se intitula de "blóco", recebeu no sabbado gordo o seu estandarte, que esteve exposto na casa commercial do sr. Carlos Costa.
O seu prestito esteve assim constituido:
— Duas bellas meninas phantasiadas de "modestia".
— Balisa (sr. Pedro Costa).
— Porta estandarte (senhorinha Rosa).
— Coristas e pastoras.
— Conjuncto musical, sob a regencia do sr. Silvino de Siqueira, executando partituras harmoniosas, como as da "União das Flores" e da "Madrugada", ambas com letra de Benedicto dos Santos.
— Carrinho das flores, conduzindo encantadoras creanças.

"BOI GORDO"

O rancho "Boi Gordo" inspirou-se num difficil motivo historico, conseguindo, todavia, realizal-o com apuro, o que realça o valor do seu prestito: — Morrera o boi Apis de Memphis, o idolo, o "tabú" egypcio; era necessario substituil-o por outro, que ostentasse, como o extincto, as marcas divinas. E foi o episodio da sagração do boi Apis que o "Boi Gordo" apresentou ao povo, com o seu custoso carro e as suas personagens scintillantemente trajadas.
Eis a synthese do seu prestito:
— Fanfarra de clarins.
— Balisa.
— Porta estandarte, conduzindo precioso pendão, caprichosamente confeccionado.
— Grupos de meninas vestidas à egypcia e conduzindo flores, fructas, joias (offerendas ao idolo) e instrumentos musicaes da época.
— Carro da directoria, com os srs.: Fidelis Dilascio, presidente effectivo; Tarcilio Tolentino, vice-presidente; Avelino Guerra, bemfeitor; e José Felix, 2º secretario.
— "Fellahs", trazendo vasos com oleo perfumoso, para a uncção do novo boi Apis.
— Barbaçudo e veneravel sacerdote, rodeado de bronzeadas sacerdotizas.
— Fiéis e guerreiros.
— Banda de musica.
— Carro "Sagração do boi Apis", em que, no atrio do templo, — em que já se encontrava o animal divino, todo paramentado, — se via assentada a rainha de Memphis, Nephertite, na pessoa da prendada senhorinha Isabel.
O serviço de illuminação da primorosa obra, devida às mãos peritas do sr. Tarcilio Tolentino, — foi confiado ao sr. Waldemar Pugliese. A regencia do prestito esteve a cargo dos srs. Bernardino Coelho e Domingos do Sacramento.

"CUSTA, MAS VAE" 
"Era uma noite astral de primavera,
Noite aromal, de rustica pureza,
E tão cheia de luz, que se dissera
Ser a festa natal da natureza"... 
O prestito do "Custa, mas vae" estava formado assim:
— Fanfarra de clarins.
— Presidente e secretario, a cavallo.
— Porta estandarte, senhorinha Albertina Nunes, e seu defensor. O pavilhão foi preparado pela senhorinha Laura Lopes de Oliveira e pintado pela senhorinha Filhinha Ramalho.
— 36 moças e 22 rapazes, representando constellações, estrellas isoladas, planetas, etc.
— Banda de música.
— Carro "Dentro da noite", em que figuravam o Cruzeiro do Sul, o crescente lunar e uma engenhosa estrella de movimento. Sobre uma nuvem e sob a chuva de estrellas do firmamento, tres jovens e pulcherrimas estrellas humanas, astros vivos de belleza, sorriam ao povo. Foi trabalhado pelo sr. Nico Raposo, conhecido artista sanjoannense.
As canções do "Custa, mas vae", a toada musical, as evoluções choreographicas se mostraram, em verdade, magistraes.
Directoria: sr. Miguel Lopes, sr. Zenone Rosseto e sargento Benedicto Lopes; regente da orchestra, sr. Antonio Candido Bastos; ensaiador, o folião Liberato.

"QUALQUER NOME SERVE"

O "Qualquer nome serve" escolheu um motivo japonez, apesar da China, alli perto, estar em conflagração. Mas não houve perigo: os seus japonezes não se metteram na "encrenca"; foram os mais pacatos deste mundo, pois nem do opio fizeram uso, servindo, unicamente, para deliciar o povo cá da terra. Completamente incapazes de um "harakiri"...
Da gruta do Bomfim, saiu o prestito, alinhado desta forma, para percorrer o coração da cidade:
— Fanfarra de clarins.
—  Balisa (sr. Antonio Rosa).
— Porta estandarte (senhorinha Maria da Gloria). O estandarte, que esteve exposto na vitrina do "Cachimbo Turco", foi decorado pelo eximio pincel da senhorinha Aida Fazanelli e teve como padrinhos o sr. Gumercindo Gomes e a senhorinha Juracy Coelho.
— Carro da directoria, em que vinham os srs. Dermeval Senna, Waldemar Gomes, poeta Jorge Brandão (de oculos escuros, sorridente e declamando em secco), Abner Coelho, Farnese Silva, José Franco (de calva à mostra) e Waldemar de Freitas.
— Guarda de honra, a cavallo (srs. Lindolfo José de Freitas e Josino Silva).
— 60 moças e moços, à japoneza.
— Banda de musica, regida pelo maestro Columbiano.
— Carro "Pagode japonez", em que quatro graciosas creanças, vestidas a caracter, circumdavam o altar do deus Buddha. Foi construido pelo sr. Francisco Vieira, auxiliado pelos srs. José Lucio da Costa e José Adriano Esteves.
Canções: "Qualquer nome serve", de Egroj e José Lino; "De fogo", de lord Cunha; "Vamos! vamos!", de lord Columbiano; "Ella não me quer", de lord Gotteira; "Sabiá mimoso" e "Pião", cariocas e offerecidas pelo sr. Recemvindo dos Santos; "Japonezes", de Egroj e lord Columbiano; "Minas F. C.", de Egroj e J. Japhet.

BLOCOS 



Foi coroado de magnifico exito o excellente e folgazão "Blóco Preto e Branco", constiuido de elementos representativos do nosso escol social e onde conseguimos annotar, tomando parte nos corsos de domingo, segunda e terça-feira gorda, em vistoso caminhão primorosamente ornamentado, as formosas senhorinhas Lulú Pacheco, Dulce Pacheco Faleiro, Hilda, Judith, Zilah e Juracy Guimarães, Lais e Clelia Moura Brasil, Neréa e Jandyra, Judith Baptista, Dulce e Alice Guedes, Maria Esther e Laura Pereira da Silva, Oscary e Nitinha Sousa, e Naná Guimarães.
O "Blóco da interrogação" esteve presidido pela exma. familia do estimado commerciante nesta praça sr. Aniceto Antunes; saiu em caminhão muito chic, entoando lindas canções.
O "Blóco do Oh! fa, la, si, mi amas"... foi chefiado pelo distincto moço sr. Ivan de Andrade Reis, auxiliado pelos destemidos foliões carnavalescos srs. Jorge Mourão, Zico Marchetti, Edgard Guedes, Amadeu Martins, Rubens Albergaria, Eurico Ferreira, Cid Rangel, Jorge Rodrigues, Olympio Ferreira, Paulo Christofaro e Aloysio Moura Brasil; todos representantes da sociedade "Guttemberg" e nossos confrades de imprensa.
Os "Turunas", orientados pelo "principe" sr. Eduardo Cancio, alcançaram um successo digno de applausos, e façamos justiça aos destemidos representantes da folia, os eximios musicistas srs. Francisco da Conceição Alves, José Andrade dos Santos, José Valentim, José Salles, José do Espirito Santo, Ordalis Ferreira, Henrique do Carmo, Olavo Silva, Noel e Paulo Baptista Lopes, Oscar Gonçalves, João Salles e Alcides de Paula Coelho, em vistosa phantasia de "rajah".
O "Blóco do Zero" esteve simplesmente adoravel, na sua interessante originalidade.
O Oscar Pereira "da collectoria" arranjou um "Blóco do Eu sosinho", que esteve muito quixotesco.
O "Blóco da Cruz Vermelha" esteve lindo; nelle se nos depararam o "doutor de facto", dr. Alencar de Carvalho, o academico José de Almeida Neves e, na tolda do automovel, as encantadoras e distinctas enfermeiras, normalistas, Maria e Hildegarda Alvares, Ruth e Haydée Resende de Carvalho.
O "Blóco da Alegria", já afamado nesta "urbs", foi muito feliz na sua harmoniosa "charanga", e convem apresentar nossos cumprimentos aos distinctos jovens, srs. Francisco Eugenio, João Vicente Zêza, Jayme Vieira, Guilherme Athayde, João Trindade e Antonio Carlos.

PHANTASIAS

Conseguimos apreciar um elemento feminino da alta sociedade sanjoannense, no "footing" da avenida Ruy Barbosa, trajando ricas e vistosas phantasias e, ao começarmos nossas annotações, vimos a formosa senhorinha Maria da Conceição Alves, elegantemente ostentando linda phantasia de mexicana, que, na nossa opinião e de diversas pessoas de destaque da cidade, é merecedora de francos e sinceros applausos.
Apreciamos, mais, a graciosa senhorinha Donalda Pereira Lima, ricamente phantasiada de "dama espanhola" e, quem a visse, tinha a impressão de que aquella sevilhana já estava preparada para assistir às grandes "touradas". Não perdeu o seu tempo, pois, si não houve "tourada", ocorreu, sim, a "sagração do boi Apis".
As formosas senhorinhas da "Princeza do Oeste" fizeram tudo para que o carnaval deste anno fosse majestoso; e, é um facto, emprestaram o seu concurso, com garbo, aos bailes à phantasia e aos passeios da avenida, as seguintes, ricamente phantasiadas: Hilda Monteiro, Jenny Borlido, Juracy Guimarães e Alice Guedes, de espanholas; Judith Guimarães, bailarina mexicana; Maria do Carmo Braga, "Fanal"; Dulce Soares, futurista; Carmen Barros, hollandeza; Nair Lamounier, cigana; Norma Daldegan, ba-ta-clan; Alzira Salomão, beduina; Malvina Tobias, melindrosa; Lulú Pacheco, bailarina; Hilda Guimarães, "pierrette"; Zilah e Naná Guimarães, dansarinas gregas; Dulce Pacheco Faleiro, bailarina; Dulce Guedes, dama antiga; Lais Moura Brasil, mexicana; senhorinhas Neréa, de pastora, e Clelia, de primavera; Jesuina Marinho, de futurista; Margarida Rio Grande, bahiana; Mercedes Mourão, garota; Maria Luisa Vieira de Castro, pirata; Regina Yunes, "pierrette" futurista; Heloisa Pimentel, de Maria Antonieta; Margarida Pimentel, dama veneziana; Luisa Azevedo, futurista; Odette Horta, hawaiana; Beatriz Albergaria, de dama antiga; Maria Sbampato e Maria Luisa Pereira, "pierrettes"; Nitinha Sousa, hawaiana; Amelia e Eunice Rodrigues, futuristas; Ilva de Oliveira, de odalisca; Jujú Cirne e Cleonice Bello, "pierrettes"; Cleusair e Ivonne Monteiro, camponezas; Antonieta Ribeiro da Silva, de crysanthemo; Hilda Rangel, de futurista.
Àquella que, porventura haja escapado à nossa reportagem, pedimos desculpas, pois não vem ao caso nenhum resentimento, visto como o accumulo de pessoas muitos nos prejudicou.

NOTAS

Foram vendidas pelas importantes casas commerciaes Castanheira & Gomes, J. Bellini & Comp., José Sade e pelo sr. Zenone Rozzetto 530 duzias de lança perfumes, não se mencionando aqui as que foram vendidas pelos srs. Armando Cunha, Vasques de Miranda, A. José Machado e Godinho.

JULGAMENTO

Sabemos que está sendo devidamente organizada uma commissão de empregados do commercio, que decidirá qual dos quatro ranchos apparecidos em scena foi o vencedor, no carnaval do presente anno. Ao victorioso conferir-se-á linda taça, que se acha exposta na vitrina do café "Rio de Janeiro".
Assim sendo, aguardamos o laudo da referida commissão, reservando-nos o direito de critical-o, caso as conclusões do mesmo não nos pareçam justas e coherentes.

Fonte: A TRIBUNA, Anno XIV, São João del-Rey, 26 de fevereiro de 1928, nº 917


III.  AGRADECIMENTO E CONCLAMAÇÃO



Gostaria de deixar registrado aqui o meu agradecimento à equipe de trabalho da Biblioteca Batista Caetano de Almeida pela presteza no atendimento e pela custódia de periódicos de época. Constatei, entretanto, que o acondicionamento de tais periódicos está deixando a desejar,  não sendo suficientes as dotações consignadas no orçamento municipal para a preservação, desinfecção e digitalização do material catalogado, a fim de evitar o desnecessário manuseio e consequente danificação do que ainda resta. Ao mesmo tempo, a Lei Federal nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, que institui a Política Nacional do Livro, pode ajudar muito a melhorar as difíceis condições em que a biblioteca pública são-joanense se encontra. No artigo 16 da referida lei, prevê-se que "a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios consignarão, em seus respectivos orçamentos, verbas às bibliotecas para sua manutenção e aquisição de livros." Como a dotação orçamentária municipal não tem sido suficiente para bibliotecas de certa complexidade como a Biblioteca Batista Caetano de Almeida (inaugurada em 1827!), esta vetusta instituição depende de subvenções governamentais das três esferas de governo para que possa continuar prestando serviços de qualidade a seus pesquisadores e usuários, dependendo de parlamentares e governantes patriotas dispostos a consignar verbas nos respectivos orçamentos para a continuidade e melhoria de sua prestação de serviços sociais especializados.





terça-feira, 18 de março de 2014

O CURSO CLÁSSICO DO COLÉGIO SANTO ANTÔNIO DE SÃO JOÃO DEL-REI EM 1944-1946


Por Francisco De Filippo

No final de 1943, entrou em vigor a reforma do curso ginasial, que era de 5 anos.  Foi reduzido a 4.  Em compensação, criou-se o segundo grau, dividido em Clássico e Científico.  A intenção era muito boa, mas logo no início o curso científico ocupou espaços importantes,  reduzindo o espaço do clássico.  

Éramos três alunos no curso clássico do Colégio Santo Antônio de São João del-Rei.  Além de mim,  Guilherme Bartholdi  (estou inseguro quanto à grafia do sobrenome)  e Francisco Décio Campos, que era de São João del-Rei.  Morava nas imediações da praça da Igreja de São Francisco.  Era filho de um tabelião (ou cargo semelhante).  O Guilherme ficou muito conhecido, mas com outro nome, o piedoso frei Estanislau, com o qual convivi durante três anos.  O Décio procurou outro colégio e, parece-me, faleceu pouco tempo depois. Pude continuar no curso clássico porque frei Bertrando, que era diretor do colégio, tinha fé na vocação do futuro frei Estanislau. 

Não cheguei a ser um aluno exemplar. Lia bastante, mas tive pequenos atritos com o professor Mário Mourão.  Em compensação, gostava do professor Domingos Horta, que lecionava português.  Gostava também de outros professores, entre os quais frei Orlando, que me deu aulas de religião.  Deixou as aulas porque foi servir o Exército Brasileiro, na Itália, onde morreu, dando assistência aos nossos pracinhas em luta contra os Alemães.

Minha ligação com os franciscanos prosseguiu.  Ao terminar o curso de Letras Neolatinas,  em Belo Horizonte,  frei Bertrando autorizou a minha contratação como professor de português no Santo Antônio de Belo Horizonte, inaugurado um ano antes.  Lá reencontrei frei Pedro, outro grande amigo.  Além de excelente ser humano, ele dirigia o nosso time de futebol, o Esparta.  Quando me mudei para minha terra, Ubá, MG, ele passou a ser o vigário responsável pela minha paróquia. 

Colaborador: FRANCISCO DE FILIPPO


FRANCISCO DE FILIPPO nasceu em 1926. Em 37 estava matriculado no seminário salesiano de Lavrinhas, perto de Cruzeiro, estado de São Paulo. Em 38 e 39 estava no Seminário Menor de Mariana. De 40 a 42, foi matriculado no Ginásio Estadual Raul Soares, em Ubá. Em 43 concluiu o ginásio em Cataguases. De 44 a 46 fez o curso clássico no Colégio Santo Antônio de São João del-Rei. Depois do curso clássico, fez o curso de Letras Neolatinas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal de Belo Horizonte, de 1948 a 1952 (bacharelado e licenciatura).

De 1950 até o final de 1953, lecionou em colégios de Belo Horizonte, dos quais menciona apenas quatro, nos quais lecionou com muita satisfação: Escola Técnica de Comércio de Minas Gerais, Colégio Santo Antônio e Colégio Monte Calvário. Por um mês, apenas, substituiu um professor, Wilton Cardoso, no Colégio Estadual de Belo Horizonte. Outros colégios em que lecionou não merecem referência, por este motivo não os mencionou neste resumo.

Por uns oito meses, de 1954 a 1955, teve o prazer de dirigir o Colégio Santo Antônio (se não estiver equivocado quanto ao nome) da cidade de Miraí, MG. Por razões administrativas, pediu demissão e foi procurar outro emprego.

Teve o prazer de retornar a Ubá, sua terra natal. Começou a lecionar no Colégio Estadual Raul Soares. Prestou concurso para a Cátedra (era o nome da época) de Português e no semestre seguinte para a Cátedra de Francês. Aprovado, assumiu as duas cátedras. Eram concursos especiais, realizados no Estadual de Belo Horizonte. Abriam-se os concursos e os candidatos se submetiam a provas de títulos, prova escrita e prova de aula. A remuneração também era especial. O professor catedrático ganhava bem mais do que os demais professores. Passou a receber excelentes vencimentos e pôde cumprir tranquilamente a sua função de professor.

Em Ubá ficou cerca de 15 anos. Nesse período, licenciou-se no colégio (licença remunerada) e exerceu o mandato de Prefeito.

Por razões político-administrativas, foi removido, a pedido, para Itaúna, MG, onde trabalhou por 16 anos. Foi professor, também, da Universidade de Itaúna, onde exerceu funções diversas. Dispensado da Universidade, não por incapacidade, mas por discordar de certas decisões superiores, esperou vencer o tempo de aposentadoria no Estado e se aposentou.

De Itaúna retornou a Ubá, para trabalhar numa empresa denominada Armarinho Santo Antônio, onde ficou até a sua decisão de se candidatar a prefeito, novamente, cerca de 30 anos depois do primeiro mandato. Eleito, cumpriu o mandato. Ao tentar conquistar o terceiro mandato, foi fragorosamente derrotado. Conversou com a sua mulher e retornaram a Belo Horizonte, que é a cidade da família dela. Depois de acompanhá-lo pelas suas aventuras, chegara a vez de ela decidir onde gostaria de morar. Não que ela tivesse mágoa de Ubá, mas porque ali era o seu ninho natal e a maioria dos seus filhos já estava se localizando ali e nas imediações.

Ia se esquecendo de dizer que, enquanto trabalhava na Universidade de Itaúna, teve oportunidade de obter o diploma de Mestre em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, perante a qual, em 1978, defendeu a sua dissertação de mestrado, intitulada "A SUPRESSÃO DE CONSTITUINTE COORDENADO EM PORTUGUÊS".

Já escreveu dois volumes do seu livro "SEM A CONVERSÃO NADA TEM SENTIDO", obra projetada para cinco volumes.

quinta-feira, 13 de março de 2014

HOMENAGENS AO SÃO-JOANENSE CAPITÃO BENIGNO PARREIRA


Por Francisco José dos Santos Braga


Benigno Parreira regendo a Orquestra Lira Sanjoanense


I.  INTRODUÇÃO 


Por volta de 1962, quando eu mal entrava no mundo maravilhoso da Música, lembro-me de ter sido convidado pelo amigo Gil Amaral Campos para assistir à apresentação de um quarteto vocal (soprano, contralto, tenor e baixo) entoando o "Venite Adoremus" de Martiniano Ribeiro Bastos ¹, na residência de Aluízio José Viegas, na Rua Santo Antônio, ocasião em que foi feita também uma gravação. Lá estava ele, Benigno Parreira, que me impressionou vivamente por sua voz de baixo profundo. Devo confessar que a mesma admiração, idêntico encantamento perduram até hoje, agora não só pelo grande cantor, compositor, músico profissional, maestro consagrado, mas também pela pessoa lhana e afável que a todos ouve com a maior atenção e frequentemente fala com um sorriso todo peculiar, terno e comunicativo que envolve seus interlocutores.

A razão por que escrevo esta página dedicada ao Maestro Benigno Parreira, a meu ver, está estampada em um texto inesquecível escrito por seu irmão, o violinista José Lourenço Parreira, que nestes termos me confidenciou uma passagem de sua vida: 

"Certa vez, tinha cerca de dezoito anos, fui com um grupo de músicos de São João del-Rei dar um concerto na cidade de Aiuruoca. Os maestros foram os saudosos Pedro de Souza e Maria Stela Neves Vale. Nesse concerto participei como cantor, no coral, e violinista, na orquestra. Integravam a respeitável equipe artística nomes que são verdadeiros ícones da cultura em São João del-Rei: Benigno Parreira, Aluízio José Viegas, Abgar Antônio Campos Tirado, Geraldo Barbosa de Souza, dentre outros. Após a brilhante apresentação, houve agradável confraternização, num clube, a que se deu o nome de "Caju amigo". Um orador, ao louvar o solo que fizera o baixo Benigno Parreira, a maravilha de todo o concerto e atuação dos maestros, disse:

"...um dia, nem a nossa memória será lembrada! 
 Nunca esqueci essa expressão, dura e verdadeira, que me vem à memória neste momento."
 (grifo meu)

Ressoa ainda em meus ouvidos a verdade contida na expressão "um dia, nem a nossa memória será lembrada!" O tempo, se tem a virtude de amenizar o pesar pela perda de nossos entes queridos, por outro lado tem o dom de apagar também a memória dos grandes feitos e das realizações de alguém. Este texto se propõe a não deixar que os portentosos feitos de Benigno Parreira caiam no esquecimento e sejam conhecidos pelas novas gerações.

Neste trabalho dois autores prestam sua homenagem a Benigno Parreira: o Tenente Gentil Palhares, com uma crônica, intitulada "Subtenente Benigno Parreira", e eu, com um texto consistindo de notícias complementares esparsas, coligidas de fontes diversas.


II.  HOMENAGEM DE GENTIL PALHARES A BENIGNO PARREIRA


SUBTENENTE BENIGNO PARREIRA  ²

Por Gentil Palhares



Está todo feliz o nosso Benigno Parreira e contentes todos os seus chefes e ex-chefes, como eu, que o estimamos pelas suas virtudes. É que, naquele seu sorrisozinho, naquele seu andar gingando o corpo, acaba de colocar nas suas ombreiras verde-oliva os dois losangos que identificam o subtenente, na hierarquia militar.

Promovido fora, pois, o nosso ex-comandado da velha Cia. de Comando e Serviços, na qual servi 11 anos, dos 25 passados no seio do Exército, no glorioso Regimento Tiradentes.

Benigno Parreira foi sempre um moço de fina educação e excepcional compostura e, como soldado, cabo e depois sargento da nossa Cia. de Comando, era ele o exemplo da Banda de Música, nos antigos tempos do Ibraim Mattar, Sílvio Padilha, Vicente Ferreira da Silva, Sebastião Florentino, todos já na Reserva.

Disciplinado e com uma forte vontade de progredir e de ir colocando as divisas nos braços, Benigno Parreira não nos enganava de que seria, ainda, com o tempo, um dos esteios da nossa Banda de Música, quando dele viesse ela a precisar, não apenas como militar, senão que também como verdadeiro artista. E foi o que aconteceu, pois que, surgindo a revolução moralizadora de março de 1964, quando houve tantas indecisões em torno de sua movimentação, o então sargento Benigno Parreira não titubeou e permaneceu firme na Cia. Se soube respeitar o pensamento dos seus colegas, posto que sem a eles aderir, não arredou pé do seu Regimento e colocou-se pronto para o cumprimento da missão que receberia de seus superiores, do seu Comandante. E foi por isso que não saía nunca de São João del-Rei, sua Terra natal, onde ocupa lugar proeminente nos nossos meios musicais, especialmente na Sociedade de Concertos Sinfônicos, da qual é um dos baluartes.

Servindo em nossa Cia. — conforme fora dito — na graduação de cabo músico, o nosso Benigno Parreira, certa feita, fora relacionado, de ordem superior, para ser excluído, face a uma determinada redução de efetivo no seio do Exército. Eu era seu sargenteante e por ele nos interessávamos, razão por que fizemos tudo, apelamos por todos os lados, quer junto ao Comandante do Regimento, quer agindo por outros meios, por fora, mas fora o nosso próprio Comandante, o saudoso Cel. Niso de Viana Montezuma, quem deliberara conservá-lo no efetivo, não o excluindo, como a outros que foram atingidos pela determinação superior.

Eis porque, certo dia, o pai do cabo Benigno Parreira, tão contente ficar com a nossa atitude, que acabou nos convidando para padrinho de crisma do filho. E foi com as mãos sobre seus ombros, acompanhando aquele seu passo miúdo e sentindo o bamboleio do seu corpo, aquele gingado que ainda mantém até hoje, que nós o levamos à Paróquia de Dom Bosco, onde Dom Helvécio Gomes de Oliveira lhe ministrara o sacramento da crisma. E o cabo Parreira sorria todo feliz, como se pagasse uma dívida de gratidão. E era justamente isso que faziam pai e filho.

Benigno Parreira nunca esqueceu isso e ainda hoje, já madurão, metido no seu vistoso uniforme, quando passa pelo padrinho, o velho Tenente, primeiro faz a sua continência e depois toma a abênção, naquele seu sorrisozinho matreiro e naquela sua fala mansa.

Benigno Parreira, pelos predicados da arte e mais ainda pelas virtudes do coração, pela sua bondade, seu temperamento amoldável a tudo e a todos, vai varando os anos e vencendo na vida.

Um pesar, todavia, nós sentimos: o velho Parreira não pôde assistir à ascensão do filho! ³


III.  HOMENAGEM QUE PRESTO A BENIGNO PARREIRA


Benigno Parreira nasceu em 1931, em São João del-Rei.


Nós são-joanenses costumamos vê-lo regendo o Coral e a Orquestra da Lira Sanjoanense, todo domingo do ano, na missa das 10 horas, na Igreja de Nossa Senhora das Mercês. Geralmente Parreira nos brinda com seu solo numa das partes da missa.


Igualmente Parreira rege o Coral e a Orquestra da Lira Sanjoanense na solenidade de Trânsito e Assunção de Nossa Senhora, comemorada pela Venerável Confraria de Nossa Senhora do Pilar, do dia 5 a 15 de agosto. Em 2013, além dele, a regência esteve também a cargo de Aluízio José Viegas, Willer Douglas da Silveira e Modesto Flávio Fonseca. ⁴


CINTRA (1982) noticia que em 19/11/1966 ocorria o começo de um movimento cultural, focado na Música cujo centro catalisador era o dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, comemorado no dia 22 de novembro. ⁵

Pela sua importância, vou transcrever todo o texto referente ao grande movimento musical, iniciado em São João del-Rei, no ano de 1966, tal como Cintra  o descreve:
"Inicia-se o 1º Festival de Música de São João del-Rei, organizado pelo Serviço de Recreação e Turismo da Prefeitura Municipal, dirigido por Djalma Tarcísio de Assis.
Resumo das festividades:
1º dia: Missa de Requiem, na Igreja do Rosário, com a participação da Orq. Lira S. Joanense; homenagem póstuma aos músicos sanjoanenses e ao Pe. José Maria Xavier, com a cooperação da Banda Teodoro de Faria; no Municipal: coral da Escola Preparatória de Cadetes de Barbacena.
Dia 20: exibição dos alunos do Conservatório Estadual de Música; desfile de bandas, missa festiva na Catedral, com o concurso da Orq. Ribeiro Bastos; exibição da Banda Lira Ceciliana de Prados.
Dia 21: números artísticos pelos alunos do Conservatório de Música.
Dia 22: Missa nas Mercês, com a atuação da Orq. Lira S. Joanense; na Basílica do Pilar, missa com a Orq. Ribeiro Bastos; no Municipal, Concerto da Sinfônica local, sob a regência de Pedro de Souza, tendo como solistas Domingos Cirilo Assunção e Benigno Parreira.
Dia 23: retreta pela Banda Teodoro de Faria; Concerto Musical pela Banda do Batalhão de Guardas da ex-Guanabara.
Dia 24: Coral de Clérigos Salesianos e dos Pequenos Cantores do Colégio S. João.
Dia 25: Concerto pela Orquestra Sinfônica da Polícia Mineira de Belo Horizonte.
Dia 26-11-1966: no Municipal, a opereta Princesa das Czardas, pelo elenco teatral da Sociedade de Concertos Sinfônicos de S. João del-Rei." (grifo meu)

Em 1967, CINTRA ainda anotou no mês de novembro:
"No dia 18: Inicia-se o 2º Festival de Música de S. João del-Rei. Presta-se a homenagem aos músicos sanjoanenses — Culto da Saudade, com a cooperação das Bandas Teodoro de Faria e do Batalhão Tiradentes; à noite, no Teatro Municipal, apresenta-se o Coral da Universidade Federal de Juiz de Fora.
No dia 19 foram celebradas missas solenes nas Igrejas de S. Francisco e das Mercês, abrilhantadas, respectivamente, pelas Orquestras Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense. O tempo chuvoso prejudicou a vinda de várias bandas de música de cidades vizinhas. Foi muito ovacionada pelo povo sanjoanense a Sociedade Musical "Carlos Gomes", de Santos Dumont; no Teatro Municipal, obteve aplausos o Ballet Musical, do Teatro Francisco Nunes de Belo Horizonte, sob a direção do Prof. Carlos Leite.
No dia 20, no Municipal exibição da Lira Ceciliana (Banda e Coral), de Prados, sob a regência do Prof. Adhemar Campos Filho.
No dia 21: no palco do Conservatório Estadual de Música, programa dos alunos do Conservatório, sob a direção do maestro Prof. Sílvio de Araújo Padilha.
No dia 22: concerto sinfônico-coral da Banda do 1º Batalhão de Guardas do 1º Exército, da cidade do Rio de Janeiro, tendo como Regente o Ten. Benoni Rodrigues Nascimento. Na 2ª parte do programa, contou-se com a cooperação artística da pianista sanjoanense Mercês Bini Couto e do Coral da Sinfônica de S. João del-Rei.
No dia 23: realiza-se no Teatro Municipal, em continuação do 2º Festival de Música, concerto pela Orquestra Sinfônica da Polícia Mineira de Belo Horizonte.
No dia 24: concerto pela Associação de Canto Coral, do Rio de Janeiro, sob a direção da Maestrina Cléofe Person de Matos.
No dia 25: espetáculo folclórico do Colégio Clemente de Faria (Grupo Aruanda), de Belo Horizonte, com apresentação de Folcore de Minas, do Rio Grande do Sul, do Líbano e da Hungria. O festival encerrou-se no dia 26-11-1967 com um concerto de gala da Sociedade de Concertos Sinfônicos de S. João del-Rei, regido pelo Maestro Dr. Pedro de Souza. Organizou o Festival o Diretor da Secretaria de Turismo e Recreação da Prefeitura — Djalma Tarcísio de Assis, sob a orientação do Prefeito Dr. Milton Viegas." ⁶

Para exemplificar a intensa atividade do regente e solista Parreira, apenas na Sociedade de Concertos Sinfônicos (ou apenas "Sinfônica", como a tratamos carinhosamente), fundada em 26 de janeiro de 1930, vejamos o que escreveu BISPO (1971). Nesse texto, ele salienta que o ano de 1969 foi marcado pelas comemorações do 150º aniversário do compositor são-joanense Padre José Maria Xavier. Relembra que as homenagens foram especialmente preparadas pela Sinfônica e pelas orquestras Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos. Na mesma ocasião, Benigno Parreira não só pertencia ao Conselho Artístico da Sinfônica, como também era o regente do coral e solista. Ressalta que, naquele mesmo ano, houve inúmeros Concertos da Sinfônica, destacando os principais, a saber:
1) 200º Concerto teve lugar no Teatro Municipal de São João del-Rei, em 21 de junho
2) Em 6 de jullho, teve lugar um concerto de gala no Centro Recreativo Rio Verde, em homenagem à cidade de Conceição do Rio Verde pela comemoração da Semana Eucarística
3) 204º concerto, comemorativo, realizou-se no Conservatório Estadual de Música Pe. José Maria Xavier, no dia 23 de agosto
4) 205º Concerto de gala em homenagem ao dia da Independência realizou-se no Teatro Municipal são-joanense, no dia 7 de setembro
5) 206º Concerto teve lugar no Conservatório Estadual de Música no dia 13 de setembro e homenageou a APAE-Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais  ⁷
6) 207º Concerto, em 10 de outubro, homenageou entidade semelhante, a Associação Barbacenense de Assistência aos Excepcionais, entidade filantrópica fundada em 1962 por um grupo de pais e considerada órgão do governo em 1963, e teve lugar no Teatro do Colégio Estadual de Barbacena
7) 209º Concerto comemorativo, em homenagem a Santa Cecília, padroeira dos músicos, e teve lugar no Conservatório Estadual de Música são-joanense no dia 22 de novembro.

No ano de 1970, BISPO destaca três concertos da Sinfônica: o de nº 216 em comemoração ao 151º aniversário do Pe. José Maria Xavier e teve lugar no adro da Igreja de São Francisco de Assis, no dia 22 de agosto.
No dia 10 de outubro, realizou-se um concerto de gala promovido pela Universidade Federal de Viçosa. Do programa constou obras orfeônicas, música ligeira e de ópera para orquestra e de partes coro-orquestrais com solos vocais.
Por fim, registrou que os esforços da Sinfônica, nos últimos meses do ano, se concentraram na apresentação da opereta "A Viúva Alegre", de Franz Lehar, no Teatro Municipal são-joanense. Essa encenação, que reuniu grande parte dos músicos e amantes da cidade, foi também uma homenagem pela reforma do Teatro Municipal local.

Pela enorme expressão que representou o 402º Concerto de Gala da Sinfônica, em 11 de abril de 2003, cabe aqui salientar o que SACRAMENTO (2013) fez a cobertura  do programa em comemoração ao Dia das Mães e em homenagem às mães são-joanenses, da seguinte forma :

"A impecável regência ficou sob a responsabilidade da batuta do musicólogo e maestro Aluízio José Viegas.
As músicas apresentadas durante a primeira parte foram:
1) abertura da ópera "Tancredi", de G. A. Rossini;
2) "O Morcego", valsa "Dis-moi tu, dis-moi toi", de J. Strauss;
3) Drittes Concertstück (para flauta e orquestra, op. 216), com solo de flauta por Daniel Della-Sávia;
4) abertura de concerto "Ivone", de João Cavalcante, dedicada à sua filha Ivone Cavalcante Lage.
A segunda parte do concerto conteve as seguintes peças:
1) "Hino à Sinfônica", de Maria do Carmo Hilário e João Américo da Costa;
2) "Mon coeur s' ouvre à ta voix", da ópera Sansão e Dalila, de C. Saint-Saëns, com arranjo de João Cavalcante e, tendo como solista, Maria Aparecida Fonseca;
3) "Il Brindisi - Libiamo ne'liete calici", da ópera La Traviata, de G. Verdi, e teve como solistas Márcia Silva e Diemes Evandro dos Santos;
4) Invocação "O Dio degli Aymoré" do 3º Ato, da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, com arranjo de Ademar Campos Filho e tendo como solista Benigno Parreira." (grifo meu)

José Lourenço Parreira, irmão de Benigno Parreira, comentando sobre a conquista de Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945, fez o seguinte relato de outro 21 de fevereiro, desta vez, de 1976: 
"Em 1976, no dia 21 de fevereiro, em São João del-Rei, a solenidade alusiva ao dia foi celebrada no Monumento à Força Expedicionária Brasileira, próximo à Igreja de São Gonçalo e ao famoso Colégio de Nossa Senhora das Dores. O quartel do Regimento fica ali perto e, para chegar ao Monumento, tem-se de passar defronte ao Colégio e à Igreja. Nesse ano, o Mestre da Banda de Música, Tenente Benigno Parreira, teve bela e cívica ideia: passar defronte ao Colégio Nossa Senhora das Dores tocando o Hino do referido Colégio.
Ao longe, descendo a ladeira, lá vem a magistral Banda de Música, à frente do Regimento, as baionetas dos combatentes brilhando ao sol e o belo Hino do Colégio contagiando a todos!
Com incrível rapidez, a irmã Diretora determina que todos os professores, professoras e alunas corram para a frente do Colégio e saúdem com efusivas palmas o Regimento de São João que marcha em direção ao Monumento!
Após a cerimônia, o Comandante, Coronel Aldílio Sarmento Xavier, pergunta ao Tenente Parreira: "Parreira, por que aquela manifestação do Colégio?" Responde o grande Maestro:
"Coronel, tive a ideia de conduzir o Regimento ao som do Hino do Colégio e, pelo jeito, deu certo."
E o Coronel Xavier diz:
"Parreira, conduza, pois, o Regimento, na volta ao quartel, tocando o mesmo Hino! Parabéns pela iniciativa!"
Quando a Banda de Música iniciou a execução do Hino no retorno ao quartel, a tropa desfila com impecável marcialidade, os sinos da Igreja de São Gonçalo bimbalham festivamente e o corpo docente e discente do Colégio Nossa Senhora das Dores mais uma vez aplaude a tropa de heróis!
Muitas pessoas que tinham visto aquela tropa, um dia, partir para a guerra, derramam lágrimas de emoção!
No mesmo dia, o Tenente Benigno Parreira recebeu linda e delicada cartinha da irmã Diretoria. Transcrevo-a abaixo:
"São João del-Rei, 21/02/76
Meu querido Tenente Parreira, que Maria Santíssima o proteja e à sua família. Hoje, foi uma manhã de emoções para quem ama de verdade este Batalhão e este Colégio. Não há palavras para agradecer-lhe seu gesto super delicado em dirigir o desfile ao som do Hino do seu e nosso Colégio Nossa Senhora das Dores. Creia, Tenente Parreira, sua delicadeza nos cativa cada vez mais. Obrigada e Deus o proteja!
SENTI-ME FELIZ EM LEMBRAR-ME QUE ENFEITEI A FRENTE DO COLÉGIO QUANDO ELES VOLTARAM DA GUERRA, POIS SOU UMA ENTUSIASMADA PELO NOSSO EXÉRCITO. COM OS MELHORES VOTOS DE FELICIDADE AQUI FICO SEMPRE GRATA.

Irmã Apoline"
Caro Braga, meu irmão é um gigante cujas pegadas procuro seguir. A vida dele dá um belo livro! A marcha SAUDADES é, ao lado da Marcha da Paixão de Luiz Batista Lopes, a mais tocada no Estado de Minas Gerais, conforme concluiu um músico no seu trabalho de doutorado sobre Marchas Fúnebres. A maioria dos autores que escreveram marcha fúnebre, compuseram apenas uma, raro duas e Benigno Parreira está entre os que compuseram duas." 
De fato, o nome do compositor Benigno Parreira está sempre presente nas missas aniversárias, para as quais contribuiu com duas marchas fúnebres, sendo a mais executada a denominada "Saudades". ⁹

Digno de registro é que a missa de corpo presente do Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, concelebrada na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar em 4 de março de 2014, às 10 horas, foi iniciada com a audição da marcha fúnebre "Saudades", de Benigno Parreira, sob a regência do próprio autor. Em seguida, as orquestras bicentenárias da Catedral, a Lira Sanjoanense e a Ribeiro Bastos, sob a regência de Aluízio José Viegas, unidas, tocaram os responsórios fúnebres de autoria do compositor são-joanense Pe. José Maria Xavier, por desejo expresso do sacerdote falecido.


Convém ainda lembrar que um ritual muito antigo, originário de Portugal durante a Idade Média, é preservado na Cidade dos Sinos, sob o nome de Encomendação de Almas. Nas noites de sexta-feira da Quaresma, por volta das 23 horas, músicos da orquestra Lira Sanjoanense e cantores acompanham os encomendadores. Observe-se que esse ritual é apenas frequentado e conduzido por leigos.

Benigno Parreira, um dos organizadores do grupo, em entrevista, comentou que "em São João del-Rei, o ritual ocorre apenas três vezes durante a Quaresma.  A Encomendação sai primeiro no centro da cidade, depois acontece no Tijuco e a última vez é no cemitério municipal, na Avenida Leite de Castro. Pela tradição musical de São João, as preces do grupo são endereçadas a todas as almas, mas especialmente a músicos que já morreram." ¹⁰



IV.  NOTAS DO AUTOR



¹  Em São João del-Rei, ao meio-dia da Sexta-feira Santa, é pronunciado o "Sermão das 7 Palavras", ao qual se segue uma celebração litúrgica, às 15 horas, consistindo de 3 partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão. A peça coral "Venite Adoremus" é um convite para adorar-se o santo lenho e é cantada no início da Adoração da Cruz, logo após o Bispo cantar "Ecce lignum crucis, in quo salus mundi pependit", ou em sua tradução: "Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo". Como o cântico do Bispo é entoado outras duas vezes, cada vez um tom acima, após cada uma delas o coro responde com "Venite Adoremus", correspondente à nova tonalidade.

²  PALHARES, Gentil: São João del-Rei na Crônica, p. 157-158.

³ O capitão José Lourenço Parreira, irmão do meu homenageado, escreveu-me em e-mail o seguinte texto a respeito dessa crônica e das boas relações existentes entre Gentil Palhares e Benigno Parreira, a saber: 
"Caríssimo amigo Braga, paz! Quanta emoção ao ler os textos da lavra do grande Tenente Gentil Palhares! Maior emoção, vê-lo fardado, postura altiva, elegante, após um desfile! Lembro-me muito bem dele, já na Reserva, sentado junto à janela de sua residência, à rua Resende Costa, 224, hoje Rua Ten. Gentil Palhares, que, ao me ver, saudava-me, sorrindo: "Bom dia, está bonzinho?" Eu era adolescente e, sinceramente, não tinha ideia de estar passando diante de um gigante. Já em Campo Grande há 23 anos, quando escrevi sobre Frei Orlando, buscando dados nas obras de Gentil Palhares, é que meus olhos e coração se abriram para o insigne escritor. Prestei-lhe,  singela homenagem, no CONVERTEI-VOS. Enviei-lhe um exemplar, mas ele já estava muito alquebrado! Em 1964, ele, que lutara na Segunda Guerra mundial, na Itália, apresentou-se ao Comando do 11, desejoso de lutar contra os comunistas! Gentil Palhares é padrinho de Crisma de meu querido irmão, Benigno. Ele era muito amigo de meu pai e seu vizinho, José Venâncio Parreira. 
Quando Benigno Parreira, Capitão e maestro, foi promovido a Subtenente, Gentil Palhares, ao escrever uma de suas belas obras, "São João del-Rei na Crônica", dedicou uma de suas crônicas ao meu irmão com o título "Subtenente Benigno Parreira". 
Ó terra querida, como Deus a abençoa dando-lhe tão ilustres filhos ao longo dos séculos... Tiradentes, Nhá Chica, Abgar Antonio Campos Tirado (meu professor), Luís França (meu primeiro professor de violino), Aluízio José Viegas (meu irmão do coração), Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, Francisco José dos Santos Braga, Benigno Parreira, Maria Stella Neves Vale (minha saudosa professora) e tantos outros que, ainda que não citados,  formam um grande luzeiro a iluminar a História da Pátria". 

⁴  Cf. http://barrocosaojoaodelrei.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html

  Ressalte-se que o culto a Santa Cecília sempre foi muito intenso em São João del-Rei, tendo os seus principais compositores escrito obras para a santa, a saber, Pe. João de Deus de Castro Lobo (Matinas de Santa Cecília), Pe. José Maria Xavier (Matinas, Credo, Hino e Antífona) e outros.
Segundo FARNESE (2013), 
"novembro é marcado por homenagens especiais aos músicos e aos sacerdotes falecidos, levando as orquestras ao interior dos cemitérios, após a celebração das missas aniversárias (que se repetem todos os anos), executando missas de réquiem e responsórios fúnebres. No cemitério do Rosário, reverenciam a memória do Padre José Maria Xavier (1819-1887), com a sua própria música. No cemitério de S. Francisco, o maestro Ribeiro Bastos é lembrado e, no das Mercês, o sempre saudoso maestro Pedro de Souza é o homenageado. No de S. Gonçalo, o Monsenhor Gustavo Ernesto Coelho recebe as homenagens. O dia 22 de novembro, dedicado a Santa Cecília, padroeira dos músicos, ficará marcado como o dia em que o órgão da Matriz de Santo Antônio de Tiradentes, fabricado em Portugal em 1785, voltou a enriquecer ainda mais o repertório musical dos Campos das Vertentes.
  Cf. CINTRA, S.O.: Efemérides de São João del-Rei, volume II, p. 485-489.

  Em São João del-Rei, a associação e a Escola para Excepcionais, sob a direção de Pe. Luiz Zver, foram criadas em 1965 junto ao Instituto de Psicologia e Pedagogia da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras. Na ocasião do concerto, Pe. Luiz Zver disse: "A ciência pedagógica moderna provou que também estas crianças são capazes de ser educadas, instruídas e integradas na sociedade. A questão é usar métodos adequados e dispor de recursos necessários. Para isso, criaram-se escolas especiais, com professores especializados, com os quais cooperam educadores e orientadores altamente qualificados, médicos, psicólogos e assistentes sociais."


 Além de "Saudades", marchas fúnebres de outros compositores são normalmente executadas em São João del-Rei, como a de Emídio Machado, João Feliciano de Souza, Pedro de Souza, Geraldo Barbosa de Souza e Luiz Batista Lopes.

BISPO, A.A.: São João del-Rei e sua Tradição Musical, 1971, na Internet in http://www.akademie-brasil-europa.org/Materiais-abe-33.html

CINTRA
, S.O.: Efemérides de São João del-Rei, 2ª edição, Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1982, , 2 volumes (622 p.)

FARNESE,
S.: Anuário Musical, in http://saojoaodelreitransparente.com.br/events/view/1929

PALHARES
, G.: São João del-Rei na Crônica, Juiz de Fora: Esdeva Empresa Gráfica S.A., 1974, p. 157-158.

SACRAMENTO
, J.A.A.: 402ª Apresentação da Sinfônica, site Pátria Mineira, in http://www.patriamineira.com.br/imagens/img_noticias/153335230710_402a_APRESENTACAO_DA_SINFONICA.pdf