segunda-feira, 27 de março de 2017

REAÇÃO DO IHG DE SÃO JOÃO DEL-REI A INVERDADES PUBLICADAS PELA IMPRENSA


Por Francisco José dos Santos Braga



O historiador são-joanense Luís de Melo Alvarenga, sócio-fundador do IHG local, não hesitou em reagir à altura a uma matéria inverídica publicada no número 458, de 23 de junho de 1968, do "O Arquidiocesano", em sua primeira página, quando se tratou de repor a verdade a respeito do local onde nascera o Alferes Joaquim José da Silva Xavier ¹. Sua réplica desassombrada saiu publicada na página 3 do número 57, de 7 de julho de 1968, do jornal são-joanense "Ponte da Cadeia", portanto quase dois anos antes da fundação do glorioso IHG local em 1º de março de 1970.

O mesmo espírito intimorato vamos encontrar na matéria que Fábio Nelson Guimarães, então presidente do IHG local, secundado pelo secretário Astrogildo Assis, publicou no próprio veículo de comunicação (edição de 30/10/1972 da "Ave Maria") que, em edição anterior, igualmente faltou à verdade quando se referiu à naturalidade do Tiradentes. 
"Acha-se em nossas mãos o nº 17, do corrente mês, da revista "Ave Maria", excelente informativo católico, que ora caminha para completar 75 anos de bons serviços prestados à coletividade brasileira. Nesse número, apreciamos grandemente a homenagem dedicada ao sesquicentenário da independência pátria, bem como a descrição sumária sobre a cidade mineira de Tiradentes. Cumpre-nos, no entanto, em nome da verdade, esclarecer que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier nasceu no segundo semestre de 1746, na Fazenda do Pombal, termo e jurisdição da então Vila São João del-Rei. Apenas em 1755, a referida fazenda passou a integrar o município de São José del-Rei, hoje cidade de Tiradentes, quando o herói da Nacionalidade contava com pouco mais de 9 anos. Servimo-nos do presente para solicitar de V. R. que se digne de mandar fazer a necessária ressalva, a bem da verdade. Pela oportunidade apresentamos os nossos agradecimentos e protestos de elevada estima e distinta consideração.  
Fábio Nelson Guimarães, presidente  
Astrogildo Assis, secretário  
Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, MG 
Fonte: revista católica "Ave Maria", edição de 30/10/1972. Crédito: historiador Fábio Nelson Guimarães (matéria selecionada pelo historiador e colada na página 48 do seu caderno verde)
Dir-se-ia que na ocasião havia uma orquestração da mídia para espoliar São João del-Rei de um direito ("jus soli" ou direito de solo), privativo da cidade, segundo o qual a nacionalidade originária é obtida em virtude do território onde o indivíduo tenha nascido. De acordo com o sistema do "jus soli", o Alferes Joaquim José da Silva Xavier era são-joanense, já que, à época do seu nascimento (1746), a Fazenda do Pombal pertencia ao termo da Vila de São João del-Rei, com base em provas documentais e evidências apresentadas, isto é, estudos cartográficos e historiográficos.

Essas reações de são-joanenses ilustres (Luís de Melo Alvarenga, Fábio Nelson Guimarães, Astrogildo Assis, Osvaldo Santiago Lobosque e outros), em momentos diferentes mas com idêntica atitude pró-ativa, conseguiram atrair o olhar de outros Institutos Históricos do País, motivando a vinda de estudiosos famosos à região litigante, dentre os quais se destacou a do escritor, historiador, ilustrador, geógrafo e cartógrafo Eduardo Canabrava Barreiros, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a convite da Vereadora Alba Lúcia Lombardi de que resultou a produção de seu livro de cunho científico e historiográfico intitulado "As Vilas del-Rei e a Cidadania do Tiradentes" (Rio de Janeiro: José Olympio Editora, convênio com o INL, Brasília, 1976/Coleção Documentos Brasileiros, vol. nº 172). Digna de igual destaque foi a divulgação do seguinte Comunicado do nosso IHG que teve enorme repercussão nacional:
"COMUNICADO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO JOÃO DEL-REI  
— Na sessão conjunta, realizada a 17 do corrente, do IHG de S. João del-Rei com 15 confrades do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Rio) ², um eminente membro do IHGB, copresidente da sessão, declarou que, nos quase 140 anos de sua existência, o IHGB nunca saiu de sua sede, no Rio, para participar de sessão conjunta, com quaisquer outros Institutos Históricos do Brasil. E que, por esse motivo, e outros mais, aquela era verdadeiramente uma sessão histórica.  
— Na tribuna, perante enorme assistência, o eminentíssimo escritor, historiador, geógrafo e cartógrafo, Eduardo Canabrava Barreiros, também do IHGB, autor do livro aqui lançado, "D. Pedro. Jornada a Minas Gerais em 1822", afirmou que S. João del-Rei tem sido espoliada, no que diz respeito à naturalidade do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que confirmou ser, sem dúvida, sanjoanense 
— Na recepção que se seguiu, no salão festivo do Hotel Porto Real, em conversa com o autor deste comunicado, confirmou ter como certa a cidadania sanjoanense de Tiradentes, opinião robustecida ante os argumentos de Fábio Nelson Guimarães, que lançamos em colaboração em 1972 e 3, e será reeditado em 3ª edição, oportunamente.  
— Portanto, é de esperar que, dado o autorizadíssimo parecer do insigne membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cessem definitivamente, as dúvidas porventura existentes, não havendo mais nenhum motivo para reivindicações, em respeito à memória do Tiradentes, prevalecendo, definitivamente, a verdade histórica, sobre quaisquer interesses, por mais legítimos que possam parecer.  
A. de L. S. C., pelo Setor de Informações   
S. J. del Rei, 18.11.1973" 
Fonte: não citada.                                                        
Crédito: historiador Fábio Nelson Guimarães (matéria selecionada pelo historiador e colada na página 48 do seu caderno verde)   

Graças à rica argumentação histórica e cartográfica desses gigantes que nos precederam dentro do IHG de São João del-Rei e diante do reconhecimento oficial em favor da tese da cidadania são-joanense do Alferes, podemos dizer que se logrou relativa pacificação de um litígio na região do Campo das Vertentes, havendo um reconhecimento tácito de que Tiradentes é inequivocamente cidadão são-joanense.

Modéstia à parte, dei a minha contribuição ao debate de alto nível, quando publiquei na Revista de Cultura Vozes, em janeiro/fevereiro de 1992, dois meses antes do Bicentenário da Morte do Tiradentes e mais de 15 anos antes de ser admitido como membro do IHG de São João del-Rei (3/6/2007), um artigo intitulado "São João del-Rei: A terra natal de Tiradentes" e publicado em 5 partes no Blog de São João del-Rei em 2008 ³, onde mostro que já se firmara a convicção da verdade histórica da naturalidade são-joanense do Tiradentes no começo do século XX, antecedendo em meio século essas reivindicações suscitadas à época da fundação do IHG local e aqui analisadas. Em meu trabalho resta evidente que, pelo menos desde 1920, Basílio de Magalhães já sustentara a tese da cidadania são-joanense do Alferes, tendo publicado artigos no "Minas Gerais", sob o nome singelo de "O Tiradentes é Sanjoanense", o que deu azo a que a Revista do Arquivo Público Mineiro, em 1933, publicasse sua tese que constitui o fulcro dos Estudos Históricos (Controvérsias), com réplicas e tréplicas de Teophilo Feu de Carvalho, então diretor da referida Revista (Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano XXIV (1933), pp. 405-436 ), com evidente superioridade da argumentação de Basílio.


NOTAS EXPLICATIVAS



  ¹  Blog de São João del-Rei: "Tiradentes é Sanjoanense", por Luís de Melo Alvarenga.

²   Ata da Sessão Solene Extraordinária do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, realizada em 17 de novembro de 1973:
Aos dezessete dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e setenta e três, reuniram-se em sessão conjunta, no Salão Nobre da Prefeitura Municipal, o Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei e a Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas do IHGB, sob a presidência inicial do presidente Fábio Nelson Guimarães e depois, sob a presidência de Manuel Xavier de Vasconcelos (Pedrosa), na função interina de presidente da CEPHAS. Às 18,00 horas, iniciaram-se os trabalhos com a presença de vinte e oito confrades do IHG e grande número de convidados. Pelo secretário foi anunciada a presença das seguintes autoridades: Ministro Tancredo de Almeida Neves, Ministro Adauto Lúcio Cardoso, Desembargador Cristovão Brainer, Dr. Guilherme Vidal Ribeiro, membro do Conselho Econômico da Confederação da Indústria, dr. Alfredo Marques Viana Góis, presidente da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, Dr. Altair Savassi e outras. Com a palavra o confrade Luiz Fernando Mendes Salomon saudou de maneira brilhante e poética os membros da CEPHAS (Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas) do IHGB. O secretário confrade Astrogildo Assis apresentou uma síntese das atividades do IHG, desde sua fundação até a presente data. Em seguida o Quarteto de Câmara Pró-Música, integrado pelos confrades Carmélio de Assis Pereira e Jorge Chala Sade, executou o Minueto de Mozart, o qual foi vibrantemente aplaudido. O confrade vice-presidente Altivo de Lemos Sette Câmara falou sobre a conscientização do IHG em São João del-Rei e preservação da cultura histórica. O presidente Fábio comprovou de maneira cabal que o Alferes Tiradentes é filho de São João del-Rei e não de outro município, tendo, no fim de suas palavras, passado a presidência da sessão ao dr. Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa, que se encontrava na presidência interina da CEPHAS, por motivo de seu presidente efetivo dr. Marcos Carneiro de Mendonça ter se afastado da caravana e embarcado para Itabirito, onde foi assistir aos funerais de pessoa de sua amizade. Ao assumir a presidência da sessão, o dr. Xavier Pedrosa informou sobre a presença da CEPHAS na presente solenidade e declarou que: "POR VÁRIOS MOTIVOS ESTA É UMA SESSÃO HISTÓRICA, BASTANDO LEMBRAR QUE O IHGB, OU QUALQUER DAS SUAS COMISSÕES, JAMAIS HAVIA SE AFASTADO DA SEDE, NO RIO DE JANEIRO, PARA PARTICIPAR DE SESSÃO CONJUNTA, COM OUTRO IHG, EM QUALQUER CIDADE DO BRASIL, DESDE A SUA FUNDAÇÃO EM OUTUBRO DE 1838, PORTANTO HÁ 135 ANOS". Com a palavra o dr. Raul do Rego Lima fez oferecimento ao IHG de fotografias e documentos inéditos para a história de São João del-Rei. Em seguida o dr. Mário Barata falou sobre a influência da arquitetura do Norte de Portugal nas igrejas de São João del-Rei. Pelos visitantes drs. Eduardo Canabrava Barreiros e Plínio Doyle da Silva foram oferecidos livros e documentos importantes para a história local, tendo o dr. Eduardo Canabrava Barreiros declarado, entre outras palavras,  "que na verdade, São João del-Rei vem sendo espoliada no que diz respeito à naturalidade são-joanense do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes". Assumindo novamente a presidência da sessão, o confrade presidente Fábio Nelson Guimarães anunciou a execução de novo número de música pelo Quarteto. Em continuidade foi mandado registrar em ata a relação abaixo dos componentes da Caravana do I.H.G.B. presentes à sessão: Gen. Edmundo de Macedo Soares e Silva — Sócio Honorário do IHGB; Dr. Eduardo Canabrava Barreiros — Cartógrafo — Membro da Comissão Permanente de Fundos e Orçamentos do IHGB; Dr. Fernando Monteiro — Secretário da CEPHAS e Fundador do Museu do Banco do Brasil; Dr. Herbert Canabarro Reichardt — Membro da Comissão Permanente de História; Dr. Luiz de Castro e Souza — Membro da Comissão Permanente de Admissão de Sócios; Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha — Profª Chefe da Seção de Iconografia da Biblioteca Nacional; Dr. Marcos Carneiro de Mendonça — Presidente da CEPHAS; Almirante Mário Ferreira França — Membro da Comissão Permanente de Admissão de Sócios; Dr. Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa  Primeiro Secretário do IHGB; Dr. Mário Barata — Prof. Catedrático de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Prof. Orlando Sattamini — Lente da Universidade do Estado da Guanabara; Dr. Raul do Rego Lima — Diretor do Arquivo Nacional; e Dr. Waldemar Cavalcanti — Crítico de literatura e jornalista — convidado especial. Nada mais havendo a tratar, foi a sessão encerrada pelo sr. presidente, agradecendo a presença de todos e convidando-os para o lançamento do livro do Dr. Eduardo Canabrava Barreiros e coquetel a serem realizados no salão do Hotel Porto Real. Após encerrada a sessão, mas ainda presentes no Salão o presidente, membros da diretoria e dez confrades, foi aprovado inserir em ata um voto de pesar, proposto pelo confrade Vice-Presidente Altivo de Lemos Sette Câmara, pelo falecimento de pessoa estreitamente ligada a Marcos Carneiro de Mendonça, em Itabirito. E para constar, eu ASTROGILDO ASSIS, lavrei a presente ata. (grifo meu)

Fonte: jornal "Ponte da Cadeia", edição de 9.12.1973. A mesma ata foi reproduzida na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, vol. II, 1974-1975, pp. 132-3.        
Crédito: historiador Fábio Nelson Guimarães (matéria selecionada pelo historiador e colada na página 48-verso do seu caderno verde)

Informo, outrossim que entrei em contato com IHGB, através de sua Chefe da Biblioteca, sra. Maura Corrêa e Castro, que me transmitiu a seguinte informação em 15/9/2016 por e-mail: "Informo que a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 305, out./dez. 1974, p. 134-135, transcreve a ata da Sessão solene extraordinária (17 de novembro de 1973) - Presidência: Fábio Nelson Guimarães, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rey e Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa, primeiro secretário do IHGB. - Frequência: 12 sócios. 12 visitantes."

³   Artigo "São João del-Rei: a terra natal de Tiradentes", por Francisco José dos Santos Braga, em 5 partes:




AGRADECIMENTO


Deixo aqui registrada minha gratidão à Acadêmica e historiadora Profª Betânia Maria Monteiro Guimarães que me permitiu acesso ao acervo de seu saudoso esposo, Dr. Fábio Nelson Guimarães.
 

sábado, 18 de março de 2017

FALECIMENTO DO ESCRITOR DR. ROQUE CAMÊLLO CONSTITUI IRREPARÁVEL LACUNA NA COMUNIDADE CULTURAL DE MINAS E DO BRASIL


Por Francisco José dos Santos Braga


Por onde começar a chorar o que fiz ao longo da vida?/Quais serão os primeiros acordes desse canto de luto?/Concede-me, ó Cristo, o perdão dos meus pecados (...)
Tal como o oleiro amassando a argila,/Tu me deste, ó meu Criador, carne e ossos, espírito e vida./Senhor que me criaste, meu juiz e meu Salvador,/Leva-me hoje de volta para Ti. (...)
Fonte: Comentário do Dia por Santo André de Creta (660-740), monge, bispo: Grande cânone da liturgia ortodoxa para a Quaresma, 1ª Ode

Dr. Roque Camêllo (☆ Mariana,  16/8/1942 ✞ Belo Horizonte, 18/3/2017)

Como gerente do Blog de São João del-Rei, cumpre-me a dolorosa missão de informar a todos os seus leitores que acabo de tomar conhecimento do falecimento do colaborador deste Blog e meu amigo especial, o marianense Dr. Roque Camêllo, nesta data de 18/03/2017 em Belo Horizonte. 

Desde cedo, em 1979, mostrou com desassombro sua audácia e amor filial, tendo figurado como proponente do projeto que instituiu o Dia do Estado de Minas Gerais, comemorado em todo o território mineiro em 16 de julho, data coincidente com o aniversário de Mariana, primeira vila e primeira capital de Minas.

Na política militou como vereador, vice-prefeito e prefeito municipal de Mariana, tendo desempenhado esses cargos com lisura e senso de responsabilidade, virtudes pelas quais é lembrado. Como ex-prefeito de sua amada terra natal, Mariana,  assumiu para si as causas mais nobres desse Município como um de seus filhos mais aguerridos, tendo sido uma figura presente e preeminente nos meios de comunicação em defesa dos seus valores culturais, religiosos e materiais, especialmente neste momento crucial de responsabilização de firma mineradora, que ganhou destaque após o desastre do rompimento de barragens em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em 5 de novembro de 2015, naquilo que foi considerado o maior desastre ambiental de Minas Gerais.  

Roque José de Oliveira Camêllo era natural de Mariana. Passou a infância no Piteiro, lugarejo pertencente ao distrito de Bento Rodrigues.  Nas carteiras do Seminário de Mariana, aprendeu a ser abnegado e repleto de ideais, principalmente no que se referia à defesa da cultura e dos patrimônios de Mariana e, consequentemente, de Minas Gerais. Segundo ele, "proteger as cidades históricas é preservar a História Mineira e dar exemplo para todos os municípios fazerem o mesmo."  O conteúdo de seu currículo naquele estabelecimento católico para seminaristas avivou-lhe um forte sentimento de pertença. Foi assim que lhe coube exercer o papel fundamental dentro da Arquidiocese de Mariana, como Diretor Executivo da Fundação Cultural e Educacional da referida Arquidiocese (Fundarq), instituição que desenvolve projetos de preservação e restauração do patrimônio cultural existente em cidades históricas como Mariana, Ouro Preto, Congonhas, Santa Bárbara, Catas Altas e outras. Relevantes serviços foram prestados por Dr. Roque Camêllo nessa função. Cabe mencionar que, sob sua direção, foi o responsável pela segunda reforma do Órgão Arp Schnitger da Catedral de Mariana e restauros do Santuário Nossa Senhora do Carmo, cujo sinistro em 1999 destruiu quase todo o templo, e do antigo Palácio dos Bispos, hoje sede do Museu da Música. Releva destacar que esses trabalhos de Dr. Roque Camêllo eram voluntários.

Dr. Roque Camêllo deve ainda ser lembrado como proponente, em 2002 e 2004, do projeto de certificação e inscrição do acervo do Museu da Música de Mariana no programa "Registro Memoria del Mundo" da UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, deferido em 2011. Em dezembro 2007, comemorou esse patrimônio com um artigo publicado pela Casa dos Contos, Revista do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, do Ministério da Fazenda, intitulado "Museu da Música, uma Relíquia da Cultura Brasileira". Além disso, importa relembrar que teve participação ativa em diversas entidades culturais de Minas Gerais e de outros Estados.

Nos últimos anos, vinha presidindo, com muita eficiência, a Comissão de Defesa do Patrimônio Histórico da OAB/MG. Era formado pela UFMG nos cursos de Letras e Direito, exercendo a advocacia e o magistério. Um lado pouco conhecido de Dr. Roque Camêllo é a sua dedicação à atividade docente, que lhe granjeou celebridade nos estabelecimentos de ensino por onde passou. Fundou e dirigiu, em Belo Horizonte, o Colégio São Vicente de Paulo, tendo sido também professor dos Colégios Santa Doroteia, Dom Cabral, Estadual de Minas Gerais, Alfredo Baeta e Arquidiocesano de Ouro Preto. Vinha também exercendo a função de Conselheiro da Associação Universitária Internacional (AUI), sediada em São Paulo, da qual era o Diretor Regional para Minas Gerais, com prestação de trabalho voluntário.

Por todas essas meritórias ações em favor de Mariana e Minas Gerais, fez-se digno de receber diversas comendas, dentre as quais se destacam as seguintes Medalhas: Comemorativa do Dia do Estado de Minas Gerais, Santos Dumont do Governo de Minas Gerais, Ordem dos Bandeirantes, Câmara Municipal de Belo Horizonte, Justiça Federal-Seção Judiciária de Minas Gerais, Poder Judiciário-Comarca de Mariana, Câmara Municipal de Mariana, "Centenário da Academia Mineira de Letras", Medalha João Pinheiro e Comenda da Liberdade e Cidadania dos Municípios de São João del-Rei, Tiradentes e Ritápolis.

Ultimamente, Dr. Roque Camêllo optou por ser empresário da construção civil, atuando principalmente na capital mineira.

Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, ocupante da Cadeira nº 66, patroneada por Princesa Isabel.

Deixei de propósito para o fim desse elogio fúnebre mencionar a sua principal motivação existencial: seu envolvimento pessoal com as letras. Presidia com muita competência a Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, igualmente com prestação de trabalho voluntário e como forma de retribuir à sua terra natal o muito que recebeu. Tendo eu comparecido com relativa frequência àquele Sodalício desde 2011 como secretário de Relações Institucionais do IHG são-joanense, pude aquilatar a dedicação do "eterno presidente" à condução das reuniões ordinárias e admissão de novos membros. Nas cerimônias em que os neoacadêmicos faziam apologia de seus patronos, ele se sobressaía com sua capacidade de líder inconteste e domínio das letras nacionais. Quando se tratava de fazer um aparte, nenhum orador superava Dr. Roque Camêllo em juízos emitidos com elegância e "finesse", como o vi atuar em diversas Academias ou entidades congêneres (tais como na Academia Marianense de Letras, nas oportunidades em que lá estive presente, e na Academia Barbacenense de Letras, por diversas vezes, sempre em companhia de sua esposa, jornalista Merania de Oliveira; no IHG de São João del-Rei, quando de meu discurso de posse em defesa do meu patrono, condição para tornar-me ocupante da Cadeira nº 22, patronímica de Lincoln de Souza; na Academia Formiguense de Letras, quando compareceu em 25/10/2014 para prestigiar  a minha posse como Acadêmico correspondente nacional na Cadeira nº 4 patroneada por João Guimarães Rosa; finalmente, na Academia Divinopolitana de Letras, quando compareceu em 14/12/2016 para igualmente prestigiar, sempre em companhia de sua esposa Merania, a minha posse como Acadêmico efetivo na Cadeira nº 11, patronímica de Pe. António Vieira). Nessas ocasiões, era comum todos se calarem para ouvir o orador, a um só tempo, profundo e espontâneo, que firmava conceitos, levantava hipóteses, argumentava com argúcia e concluía com exatidão.

Além disso, presenciei seu profundo conhecimento dos assuntos relacionados a São João del-Rei, quando, em novembro de 2011, durante o 3º Ciclo de Estudos sobre o Tiradentes, promovido pelo IHG são-joanense, trouxe Dr. Roque Camêllo ao conhecimento dos confrades que a folha que continha o Auto de Levantamento em vila, datado de 1713, que se achava em livro do Arquivo Público Mineiro, havia sumido, ou mais precisamente, arrancada com corte preciso de estilete. Naquela ocasião, manifestou seu desejo de encontrar tal documento tão importante para São João del-Rei.


Por todas essas razões expostas, acho que o legado de Dr. Roque Camêllo para Mariana e Minas Gerais vão além dos limites territoriais dessas unidades da Federação e podem seus trabalhos ser considerados um preito de louvor ao bom Direito e às letras nacionais. Caberá à sua doce esposa Merania, que lhe sobrevive, divulgar a sua existência exemplar e sua obra digna dos maiores encômios.

Por ocasião do 305º aniversário de fundação da primeira vila de Minas Gerais, onde se estabeleceu a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, no princípio de abril de 2016, Dr. Roque Camêllo lançou seu último livro "Mariana - Assim nasceram as Minas Gerais: uma visão panorâmica da História" (Belo Horizonte: Nitro Editorial, 2016, 232 p.), que é considerado um tributo aos primórdios da formação da sociedade mineira, pois revela fatos históricos que influenciaram diretamente a construção de Minas Gerais e do Brasil, a partir do século XVII. O coordenador editorial do livro, Gustavo Nolasco, seu confrade na Academia Marianense, resumiu brilhantemente o conteúdo do livro: "A obra é uma jazida de grandes preciosidades da história mineira e brasileira, desde o século XVII, garimpadas com maestria por um dos maiores estudiosos do assunto no País."

sexta-feira, 17 de março de 2017

MUNDO CULTURAL DIVINOPOLITANO RECEBE O TROFÉU ORFEU 2017


Por Augusto Ambrósio Fidelis


 
A Academia Divinopolitana de Letras promoveu nessa quarta-feira, dia 15 de março, a 3ª edição consecutiva do TROFÉU ORFEU o "Oscar" divinopolitano com a entrega do prêmio às pessoas ligadas ao meio artístico-cultural que, no ano anterior, em maior ou menor grau colaboraram com as atividades do Sodalício ou em apoio à causa acadêmica. O evento foi realizado no Teatro Municipal Usina Gravatá numa noite de muita sensibilidade e "glamour".


Foram outorgados troféus como nos dois anos anteriores. Do total de 25 instituições e  personalidades, 23 compareceram à cerimônia. Os dois ausentes apresentaram justificativa: o Secretário de Estado da Cultura, Ângelo Osvaldo de Araujo Santos, em viagem ao exterior, e Ariane Nunes, funcionária da Unimed, que teve a cesariana antecipada. Ângelo Osvaldo, no entanto, comunicou que tão logo retorne da referida viagem virá a Divinópolis receber o seu ORFEU.


O vice-prefeito Rinaldo Valério, o secretário municipal de Cultura, Osvaldo André de Melo,  os vereadores Edson de Souza e Renato Ferreira, e o comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar, Ten-Cel. Marcelo Augusto Santos, e a representante da Gerdau, Conceição Maciel, prestigiaram o evento.


O radialista Sílvio França atuou como mestre de cerimônias e a parte artística foi apresentada pela Escola de Dança Maiher Menezes, Studio Arte e Dança, Walter Caetano e Schelen Guimarães, e Seresteiros do Amor. 
Apresentação da Escola de Dança Maiher Menezes

Para o presidente da ADL, acadêmico João Carlos Ramos, a Academia conseguiu seu objetivo com louvor. Segundo ele, o troféu foi batizado de ORFEU em referência ao Orfeu mitológico que contém uma mensagem a toda a sociedade artística e cultural. Os homenageados ouvirão o canto de Orfeu, ficando inebriados de amor, gratidão e reconhecimento institucional.


Como coordenador da solenidade, considero que valeu a pena todo o sacrifício inerente à organização do evento, porque o resultado foi além do esperado, principalmente devido à colaboração de diversas pessoas, como Conceição Maciel, que viabilizou a aquisição dos troféus.
Da esq. p/ dir.: presidente João Carlos Ramos, Maria Augusta de Carvalho Mesquita (Seresteiros do Amor), ten cel Marcelo Augusto Santos (23º Batalhão da Polícia Militar e vice-presidente Augusto Fidelis




Da esq. p/ dir.: presidente João Carlos Ramos, Adriana Gonçalves (Studio Arte e Dança) e acadêmico Márcio Zacarias Lara


O TROFÉU ORFEU, já na terceira edição,  é entregue em duas etapas. Uma vez agraciados os artistas e demais pessoas  da área cultural, a Academia prepara a edição de homenagem à imprensa divinopolitana e a outros, cuja entrega está marcada para o dia 3 de abril, a partir das 19h30min, no plenário da Câmara Municipal.


ARTISTAS AGRACIADOS COM O TROFÉU ORFEU 2017


01 – Ângelo Oswaldo de Araújo Santos
02 – Ariana Nunes
03 – Cláudio César Mendes
04 – Erika Gontijo Lauar
05 – Geraldo Edésio Gomes
06 – Helena Maria de Castro Pereira
07 – José Luiz Monteiro
08 Madelon de Lélis Silva
09 – Maiher Menezes
10 – Maria Aparecida Campos e Silva (Lia)
11 – Maria Augusta de Carvalho Mesquita
12 – Maria da Conceição Aparecida Maciel
13 – Marta Cecília Corrêa
14 – Osvaldo André de Melo
15 – Paulo César Vieira
16 – Rita Fernandes da Silva
17 – Rodrigo Reis
18 – Samira Santos Cunha
19 – Sandra Maria Gomes
20 – Santuário Opus 5
21 – Schelen Guimarães
22 – Sílvia Brandão
23 – Suzy Cristina
24 – Studio Arte e Dança
25 – Tenente-Coronel Marcelo Augusto Santos

CONVIDADOS PARA ENTREGAR O TROFÉU ORFEU 2017


01 – Antônio Gontijo Filho
02 – Antônio Rinaldo Valério
03 – Carlos Eduardo Moreira
04 – Geisa Aparecida Grego
05 – João Batista da Silva
06 – Maria Aparecida Santanta
07 – Patrícia Conceição Elias Coelho
08 – Sandra Helena Silva Oliveira
09 – Tenente-Coronel Marcelo Augusto Santos
10 – Valéria Alves de Oliveira Luz
11 – Walter Caetano
12 – Welber Tonhá e Silva
13 – Acadêmico Álisson Israel Rodrigues
14 – Acadêmica Cidah Viana
15 – Acadêmico Ernane Reis Gonçalves
16 – Acadêmico Flávio Ramos de Assis Pereira
17 – Acadêmico Fernando de Oliveira Teixeira
18 – Acadêmico Joaquim Medeiros de Oliveira
19 – Acadêmico Márcio Zacarias Lara
20 Acadêmico Marco Antônio Pinto
21 – Acadêmica Marlene Moreira de Faria Gandra
22 – Acadêmica Maria Aparecida Camargos Freitas
23 Acadêmico Mercemiro Oliveira Silva
24 – Acadêmico Waldemar Rosa Ferreira

Colaborador: AUGUSTO AMBRÓSIO FIDELIS

AUGUSTO AMBRÓSIO FIDELIS é natural de Carmo da Mata e residente em Divinópolis desde maio de 1976. É graduado em Administração e Jornalismo e pós-graduado em Marketing Empresarial. 



É servidor público municipal da Prefeitura de Divinópolis, onde já ocupou os cargos de Diretor Executivo da Escola Municipal de Música, Presidente da Fundação Municipal de Cultura, Diretor de Comunicação Social e hoje ocupa a chefia da Gerência de Cerimonial.

Desde 6 de fevereiro de 1988 é titular do programa “Momentos para o Lar”, que vai ao ar todos os sábados na Rádio Minas, das 7h às 8h; já foi jurado no Programa Mistura Popular, na TV Candidés, e escreve crônicas para o Jornal Agora, toda quinta-feira. 

Em 1990, participou do 1º Ciclo de Estudos de Política e Estratégia da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG. Em 1994, recebeu o título de Cidadão Honorário de Divinópolis. Em 2001 foi tema do enredo da Escola de Samba Caprichosos de São Vicente. 

Em 2004, para comemorar seus 50 anos, lançou o primeiro livro intitulado “O Julgamento da Cigarra”. Em 19 de outubro de 2005 foi empossado como membro da Academia Divinopolitana de Letras, ocupando a presidência do Sodalício por cinco mandatos. Em 2014 lançou o segundo livro: “Âmago”.

É membro do Lions Clube Divinópolis Pioneiro, do qual foi presidente na gestão de 2010 / 2011 e 2015/2016. É membro também da Loja Maçônica Simbólica Mista Templários da Arte Real, do Clube Filatélico Candidés, do Grupo Gestor para a 1ª Infância e da Academia Marial de Aparecida do Norte.

domingo, 12 de março de 2017

POSSE DE OSVALDO SANTIAGO LOBOSQUE, O "VAVÁ", NA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI


Por Francisco José dos Santos Braga


Este artigo, produzido a partir de matérias veiculadas pela imprensa local, homenageia o saudoso confrade e vizinho Osvaldo Santiago Lobosque, o Vavá, imortal da Academia de Letras de São João del-Rei, que residia, como eu, na Rua das Flores.






VAVÁ

LOBOSQUE





Com grande satisfação tomamos conhecimento da indicação de Osvaldo Santiago Lobosque, o Vavá, para ocupar uma Cadeira na Academia de Letras de São João del-Rei, graças à indicação do Dr. Adenor Simões Coelho. Idealista, dinâmico, empreendedor, autor de vários trabalhos inclusive a publicação do seu "O SABIÁ", uma literatura de cordel, Vavá vai ocupar uma Cadeira na Academia com grande merecimento. Trata-se de uma das mais felizes indicações, uma vez que Osvaldo Santiago Lobosque sempre procurou valorizar a arte de escrever entregando aos sanjoanenses grandes obras como o conhecido "CARRO DE BOI".



Fonte: jornal AMANHECER, ano V, Fase II, edição nº 357, 8/dezembro/1981 







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VAVÁ

Conforme tivemos oportunidade de divulgar ontem, nome de Osvaldo Santiago Lobosque, o popular Vavá foi indicado e aprovado por unanimidade para membro da Academia de Letras de São João del-Rei. Pesquisador, historiador, criador dos famosos folhetos "O SABIÁ". Vavá fez questão de escolher para patrono o fundador de São João del-Rei, Tomé Portes del Rei, escolha esta que encontrou boa aceitação entre os Acadêmicos. Mesmo não possuindo recursos financeiros, Vavá tem sido um dos grandes divulgadores de nossa cidade. E voltamos a repetir: mais do que justa a sua escolha...

Fonte: jornal AMANHECER, ano V, Fase II, edição nº 358, 9/dezembro/1981





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OLHAÍ  O  VAVÁ 
NA ACADEMIA! 
Caricatura de Osvaldo Santiago Lobosque, o "Vavá", feita por Sabino, o conhecido pintor de cartazes para o Clube Teatral Artur Azevedo


Por José Tadeu de Resende


Depois de amanhã, domingo, Acadêmicos e convidados estarão apinhados no majestoso Salão Nobre da Prefeitura Municipal, a partir das 10:30 horas sob a Presidência do brilhante escritor e historiador Presidente da Academia de Letras de São João del-Rei, Prof. Sebastião de Oliveira Cintra, a fim de mais uma reunião dominical. E quando isso ocorrer, estará tomando posse entre os componentes da Academia de Letras o nosso amigo Osvaldo Santiago Lobosque, o popular Vavá.

Osvaldo Santiago Lobosque, o Vavá, sanjoanense, jornalista, pessoa simples, é o exemplo de quem melhor personifica o esforço crescente do homem para elevar-se nesta vida. Com efeito, ele tem um interesse real: a conquista das letras.

O próprio Vavá não se cansa de dizer que lutou com muitas dificuldades para chegar onde chegou e que teriam desanimado muitas pessoas. Mas não é a si que ele atribui todo o mérito, várias pessoas ele mesmo enfatiza estão entre aqueles que o ajudaram na jornada.

Portanto, parabéns Vavá! Você merece!

Nota do autor dessa crônica: a caricatura é de autoria do consagrado artista Sabino

Fonte: JORNAL DO POSTE, nº 20.655, 3ª página, 6ª feira, edição de 26/março/1982 



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POSSE 
NA ACADEMIA DE LETRAS


A Diretoria da Academia de Letras de São João del-Rei convida os senhores Acadêmicos e o povo em geral para a Sessão Ordinária da referida Instituição a realizar-se amanhã, dia 28, às 10 horas, no Salão Nobre da Prefeitura Municipal.

Além de outros assuntos de cunho cultural, o Presidente Jornalista Sebastião de Oliveira Cintra dará posse solene ao novel Acadêmico Osvaldo Santiago Lobosque, que será o primeiro ocupante da Cadeira nº 38.

O recipiendário será saudado pelo imortal Professor José Pedro Leite de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de São João del-Rei.

Fonte: JORNAL DO POSTE, nº 20.663, 5ª página, sábado, edição de 27/março/1982



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OSVALDO LOBOSQUE
NA ACADEMIA
 

A Associação de Imprensa e Rádio de São João del-Rei tem o prazer de convidar V. Sª e Exma. Família para assistir às solenidades do dia 28, domingo, a saber: 
"Tomada de posse do nosso colega, escritor sanjoanense, jornalista Osvaldo Santiago Lobosque na Academia de Letras de São João del-Rei, domingo dia 18 às 10:30 horas na Prefeitura Municipal, ocasião em que vai ocupar a Cadeira nº 38, tendo como patrono Tomé Portes del Rei, sendo o atual Presidente da Academia o Professor Sebastião de Oliveira Cintra."
Contamos com a sua presença.


Fonte: JORNAL DO POVÃO,  ano II, nº 556, sábado, edição de 27/março/1982


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ACADEMIA
DISCURSO DE POSSE DE OSVALDO SANTIAGO
LOBOSQUE FOI BRILHANTÍSSIMO!


O jornalista, escritor, historiador Sebastião de Oliveira Cintra Presidente da Academia de Letras de São João del-Rei, ao entregar nesta Redação a publicação: "O Poeta Sanjoanense José de Andrade Braga", que está na 3ª página desta edição, manifestou sua admiração pelo discurso de posse do novo Acadêmico OSVALDO SANTIAGO LOBOSQUE, ocupante da Cadeira 38 daquele sodalício, o qual classificou de brilhantíssimo, sendo uma agradável surpresa, tanto dos Acadêmicos presentes, assistentes, convidados especiais, bem como dos ouvintes da Rádio São João del-Rei.

Fonte: JORNAL DO POSTE, edição nº 20.686, 1ª página, 5ª feira, edição de 1º/abril/1982



 MEU COMUNICADO EM REUNIÃO ORDINÁRIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI



Na reunião ordinária de 12/03/2017, após a exposição de Dr. Ulisses Passarelli que versou sobre TOMÉ PORTES DEL REI, tomei da palavra para inicialmente cumprimentar o confrade pela brilhante e profunda elocução e, em seguida, aproveitando a oportunidade em que a memória do fundador de São João del-Rei vinha de ser lembrada e exaltada, solicitar a todos os confrades presentes a atenção para o que lhes pedia a colaboração. Informei-lhes que o jornalista, escritor, poeta, historiador e ex-expedicionário OSVALDO SANTIAGO LOBOSQUE (⭐︎ 6/9/1922 ✞ 30/8/2014), nosso saudoso confrade, ocupante da Cadeira nº 38 que tinha como Patrono Tomé Portes del Rei, proferira discurso de posse no dia 28 de março de 1982, intitulado "O Poeta Sanjoanense José de Andrade Braga", que infelizmente se encontrava extraviado, razão por que contava com o apoio de todos os confrades para recuperar a brilhante peça oratória do finado confrade com o objetivo de publicá-la neste Blog de São João del-Rei para deleite de todos os seus leitores. 



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PARABÉNS,
VAVÁ 


A Associação Profissional dos Empregados de Turismo e Hospitalidade de São João del-Rei, futuro Sindicato dos Garçons e Cozinheiras congratula com Osvaldo Santiago Lobosque (Vavá) e parabeniza pelo seu ingresso na Academia de Letras de São João del-Rei, ocupando a Cadeira nº 38, pessoa que muito tem trabalhado em prol da imprensa em nossa cidade.

Antônio Trindade Alves, Presidente.

Fonte: JORNAL DO POVÃO, ano II, edição nº 560, 5ª feira, edição de 1º/abril/1982 




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Entrevista dada por "Vavá" a O GLOBO, publicada em 20/4/1986 com o título "O centenário Solar dos Neves virou ponto obrigatório de todo turista", que nos interessa mais diretamente: 
"O solar foi construído por Julvêncio Martiniano das Neves, bisavô de Tancredo Neves, em data incerta no século 19. 
Quando Tancredo adquiriu o solar de sua tia Marieta Neves, impôs a condição de que ela ficasse morando lá até a morte, e assim foi feito" conta Osvaldo Santiago Lobosque, o "Vavá", ex-vereador e ex-combatente, amigo e companheiro do Presidente durante 40 anos, "desde a Assembléia Legislativa até ao túmulo".
Vavá se orgulha de ter sido a primeira pessoa a lançar a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, no dia 5 de setembro de 83, em discurso na Prefeitura da vizinha cidade de Nazareno. Ele fala mais do solar: 
"Todo dia 8 de dezembro, data do aniversário da cidade, o Tancredo fazia questão de trazer uma personalidade a São João e hospedá-la no solar. Assim podemos dizer que por ali passaram figuras as mais diversas, como João Goulart, Santiago Dantas, Austregésilo de Athayde, o ex-Presidente do Senegal Léopold Senghor, Augusto Frederico Schmidt, Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek e, em outubro passado, o Presidente da França, François Mitterrand.
Hoje o solar passa a maior parte do tempo fechado, sob os cuidados do caseiro José de Alencar, mas frequentemente suas janelas são abertas nos fins de semana, quando muitos turistas procuram Dona Risoleta para uma conversa."
Fonte: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/444628/PS%20abr_jun%201986%20-%200110.pdf?sequence=1

sábado, 4 de março de 2017

DOM HÉLDER PESSOA CÂMARA E DOM JAIME DE BARROS CÂMARA


Por Marcelo Nóbrega da Câmara Torres




O escritor, pianista e compositor, além de meu ex-colega na Consultoria Legislativa do Senado Federal, Francisco Braga, indaga-me se, por acaso, sou parente do Cardeal Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro e autor do Compêndio de Teologia Pastoral oferecido aos Seminaristas do Brasil (Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1948, 400 p.). Além disso, informa que o exemplar que possui pertenceu ao saudoso são-joanense Pe. Pedro Teixeira Pereira, SDB, com a anotação "ad usum". 

Sim, prezado Braga, Dom Jaime é meu parente. Durante toda a minha vida, eu e minha família sempre estivemos certos, e continuamos certos, de que o cearense Dom Hélder Câmara era nosso primo. E é, continua sendo. Nisto nunca houve dúvida. Entretanto, sempre foi curioso, até surpreendente, observar que o contraponto religioso e político de Dom Hélder aqui no Rio, o catarinense Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, na Igreja e na Política, um conservador e reacionário respectivamente, tivesse o mesmo patronímico do nosso primo Dom Hélder. Isto porque a raiz brasileira dos Câmara é uma só: Natal-RN, no início dos Setecentos. A origem de tudo: Ilha da Madeira. João Gonçalves Zarco foi descobridor e colonizador do arquipélago a partir de 1425. Depois, por decreto do Rei de Portugal passou a assinar João Gonçalves Zarco Câmara dos Lobos. Isto porque ao chegar às ilhas, deparou-se com uma câmara de lobos marinhos. O "dos Lobos" caiu no século XVI. A investigar o porquê. Eu, Dom Hélder e "Cascudinho" deveríamos ser chamados de: Marcelo Câmara dos Lobos, Dom Hélder Câmara dos Lobos e Luís da Câmara dos Lobos Cascudo. 

Pois bem, meu pai, José Augusto da Câmara Torres, confrade que antecedeu a Francisco Braga na Academia Valenciana de Letras-RJ (estou a lhe dever a oração de posse), descobriu, na velhice, que Dom Hélder e Dom Jaime eram também primos entre si e nossos primos, portanto. O pai de Dom Jaime, Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, potiguar, foi lutar na Revolução Federalista no RS e SC, e lá nasceu Jaime. Assim, tenho dois cardeais na Família, um no limiar da Santidade. 

Importa dizer ainda que sou descendente direto de Santo Antônio de Lisboa, o casamenteiro (nome civil: Fernando de Bulhões), isto por parte da minha mãe, Gertrudes Nóbrega, também potiguar, ela pertencente ao tronco dos Bulhões, de Sto. Antônio, que chegaram à Paraíba com a colonização, e dos Nóbrega, também lusitanos do Minho, cujo nome mais importante e ilustre é, para mim, depois de minha mãe, avós e bisavós maternos, o republicano e revolucionário Janúncio da Nóbrega, intelectual e líder político no RN no final do século XIX.